domingo, 9 de setembro de 2007

O Espaço do PSD: o Liberalismo é o Caminho?

O partido de centro-direita e que paradoxalmente se chama social-democrata sempre viveu do poder ou da sua forte aspiração a lá chegar. No momento actual, e com a maioria socialista bem reforçada, encontra-se confuso. Que fazer? Esperar simplesmente que o rotativismo aconteça? Ou afirmar-se sem complexos com uma doutrina liberal?

A ausência do poder leva imediatamente a reflexões internas sobre que caminhos seguir, que vão naturalmente além da simples mudança de líder. A revista Atlântico deste mês apresenta uma série de ensaios a este respeito. No meio de diversas trivialidades, destaco o artigo de Bruno Alves, que aponta para o PSD o caminho do liberalismo, “em oposição ao estatismo hoje existente”.

Estando hoje um Partido Socialista no poder, governando naturalmente ao centro e roubando espaço à “social-democracia de centro-direita” do PSD, diria que a aposta na afirmação de um doutrina liberal, sem complexos, poderia ser um bom caminho para a afirmação do PSD. Distinguir-se-ia do adversário socialista ao mesmo tempo que afirmava valores que, por toda a Europa, emergem consolidados em diversas forças políticas.

O desafio, no entanto, é que a forma como se formou o sistema partidário português em democracia acabou por não reservar espaço à doutrina liberal. O liberalismo, puro e duro, sem complexos, está pouco enraizado na cultura política do eleitorado português. Este poderá, no entanto, ser um risco que o PSD deveria estar hoje disposto a assumir, apostando num discurso centrado nas novas classes médias emergentes, na geração que não viveu a revolução e que não se habituou ao conforto do Estado Providência.

Estará o partido de Sá Carneiro disposto a correr esse risco? Tenho muitas dúvidas. Se tivermos em conta a corrida à liderança que neste momento ocorre, o caminho do partido parece ser o do “esperar que o rotativismo aconteça”. São opções…

4 comentários:

Anónimo disse...

A vertente liberal não é uma novidade no PSD. A questão é que ficou sempre na sombra da ala social democrata do partido. Por diversas vezes o liberalismo sem complexos, como lhe chama, tentou emergir como ideologia central do partido, mas com pouco éxito. Portugal acaba por não estar muito preparado para este tipo de doutrina.
Mas concordo que hoje podia ser uma boa forma de reactivar o partido que parece à deriva. Em vez de fazer oposição ao PS cortando pela esquerda, a verdadeira alternativa podia ser um programa assente em políticas liberais. Estarão Marques Mendes ou Menezes dispostos a fazê-lo? Nem pensar. Preferem sempre "o mais do mesmo".

Anónimo disse...

É de um tremenda ingenuidade pensar-se que os candidatos estão agora preocupados com ideologias, linhas programáticas, rumos alternativos para o PSD. Uma única ideia atormenta agora as suas mentes: O PODER!

HM

Anónimo disse...

A genuinidade do PSD sempre foi precisamente o de dar abrigo a diversas ideologias que vão do centro esquerda ao centro direita. Foi esse o caminho traçado pelos seus fundadores e estou certo que assim deverá continuar a ser.
No momento actual, mais do que procurar um alternativa programática no liberalismo, como refere o autor, deverá mostrar-se como um partido sério, capaz de fazer, um partido activo, com estruturas organizadas em todo o país, descomprometido com os ideais da política estado-centrica que o PS tão bem sabe fazer.
O PSD tem de ser o partido genuino que conhecemos, sem se preocupar com outros modelos de partidos que na europa existem. Se assim for, o eleitorado recompensará certamente o PSD, como sempre o fez em momentos em que o país vai menos bem.

Jorge Luís
Militante de Castelo Branco

Anónimo disse...

O PSD, deste modo, não vai lá. São precisas alternativas. Veja-se o exemplo aqui nos Açores do Dr. Costa Neves. É um líder a prazo que nem conssegue fazer comichão a César. São precisas pessoas sérias, o que parece ser complicado nos dias que correm.