quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O Diplomatique parece estar cada vez menos Monde

Hoje comprei, como sempre costumo fazer, mais uma edição do Le Monde Diplomatique. E mais uma vez fiquei desconsolado com o tamanho reduzido da edição portuguesa. É certo que os jornais não se medem aos palmos, mas…

A edição portuguesa nunca foi muito volumosa. Mas, neste último ano, fruto certamente de dificuldades financeiras da editora, a edição tem saído sempre com sensivelmente 24 páginas...

Sendo uma publicação de referência, com bons textos, bons colaboradores, que trata temas da actualidade internacional e nacional assumidamente à esquerda, é lamentável que não consiga melhor afirmar-se no panorama dos média nacionais. O que falta? Financiamento, publicidade, assinantes certamente.

No meio de tudo isto, e para quem gosta de publicações de actualidade e ideias políticas, não podemos deixar de notar o desequilíbrio político que mensalmente encontramos nos quiosques. Á direita temos a Atlântico, em papel lustrado, a cores, com publicidade, com vida… Á esquerda temos um tímido Le Monde Diplomatique, cada vez mais fino e introvertido, que parece lutar mensalmente para sobreviver… Algo tem de ser feito para reequilibrar este panorama.

2 comentários:

Anónimo disse...

Creio que as dificuldades financeiras actuais da edição portuguesa fazem com que esta dependa totalmete da boa vontade de compra, assinatura e publicitação do jornal pelos seus leitores. É um facto.
Mas também é certo que, mesmo com dificuldades, o jornal tem conseguido sempre manter a qualidade que sempre nos habituou.
Quanto à comparação com a Atlântico, o público alvo pode ser semelhante (embora à direita), mas parece-me que as publicações não podem ser comparadas. A Atlãntico tem um formato que depende totalmente de autores portugueses, trata os temas de uma forma menos profunda, o que certamente lhe garante uma maior saida nas bancas.
Não é, deste modo, possível pretender nem desejar que o MonDiplo se transforme numa Atlântico. Este deverá seguir a sua linha, precisando claro de um modelo comercial que o suporte financeiramente.
Mas concordo que faz falta uma revista do tipo Atlântico, mas à esquerda. Não haverá nenhum grupo de média ou equipa editorial que se chegue à frente nesta questão?

Anónimo disse...

A esquerda em Portugal ou é alinhada partidariamente, ou clama sozinha no deserto, sujeita aos mecenas que por vezes aparecem fora das épocas eleitorais.
A esquerda "livre" só age quando resiste. Nessas ocasiões é forte e manifesta-se numa clandestinidade que transparece à luz do dia, nas pastas e secretárias dos gestores que passam panfletos e revistas proibidas de mão em mão.
A imprensa de esquerda séria vive sempre nos limites do endividamento, por isso são precárias e efémeros os seus títulos. A história prova-o. E neste tempo de dificuldades financeiras impostas aos trabalhadores por conta de outrem, a divulgação das ideias de esquerda paga muito para sair á luz do dia. Até quando?
Ser resistente é um acto de cidadania, que abala mas não muda a sociedade instalada, nem os poderes instituidos.
Há-de chegar novamente o tempo de passar a mensagem em panfletos distribuidos pela calada da noite...