segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Honrar ou não as Promessas Eleitorais

O Público destaca hoje uma análise sobre algumas promessas não cumpridas do actual Governo e sobre os seus possíveis efeitos na opinião pública. No fundo, quais as consequências do não cumprimento de promessas eleitorais?

Pedro Magalhães e Marina Costa Lobo relativizam a possibilidade de um efeito directo entre o não cumprimento de uma promessa e uma possível punição de tal facto pelo eleitorado. Enumeram diversos factores que servem para atenuar tal relação. Constatam que a vastíssima maioria dos eleitores não lê os programas eleitorais, que tudo depende do contexto económico e político ou ainda que o relacionamento que o eleitor possui com o partido ou político em questão é também determinante.

No âmbito deste debate, julgo merecerem relevo os mecanismos que um sistema democrático dispõe para aferir ou não o cumprimento de promessas eleitorais. A oposição, a comunicação social e os opinion makers assumem um papel determinante a este respeito, alertando os cidadãos para eventuais incumprimentos. Mas será suficiente?

Seria muito útil que um centro de investigação, ou outro tipo de organismo independente com base na sociedade civil, assumisse a referida tarefa. A Ciência Política possui já metodologias consolidadas a este respeito. Analisaria os programas eleitorais e, ao longo da legislatura, informaria a opinião pública sobre eventuais desvios ocorridos. Existindo um controlo mais apertado e objectivo, se calhar os actores políticos pensariam mais vezes antes de fazerem promessas que não poderão cumprir…

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu penso que não podemos criar nenhuma organização para nos informar,penso até que é uma ideia um pouco paternalista.Os cidadãos é que devem aferir do cumprimento do prometido pelos eleitos ninguem o pode fazer por eles.Se não acompanham o desempenho daqueles a quem dão o voto,não podem queixar-se.Numa sociedade em que os cidadãos acompanham as decisões sobre aquilo que é feito,ou aquilo que se deixa por fazer,os governantes antes de tomaram as decisões são muito mais cautelosos.

João Ricardo Vasconcelos disse...

Concordo que, à partida, parece de facto paternalista. Esclareço, no entanto, que seria apenas mais um instrumento de informação para os cidadãos e comunicação social. Julgo que um centro de investigação na área de Ciência Política conseguiria cumprir bem o referido papel.

Relativamente ao facto dos cidadãos acompanharem ou não aqueles a quem atribuem o voto, aí já é outra questão. Devem fazê-lo, mas não encontro contradição na possibilidade de existirem mais instrumentos que lhes apoiem na referida tarefa. A comunicação social, por exemplo, já apoia os cidadãos na referida tarefa, não concorda? E a oposição também, não? Até os blogs já o fazem... ;)

Stran disse...

Julgo que é uma enorme falha dos partidos de oposição, pois seria um projecto muito interessante e importante para a sociedade. No entanto teria de ter uma leitura não enviesada, algo que não abunda nos partidos. Quanto à criação de um centro de investigação julgo que seria um projecto como uma utilidade duvidosa caso não tivesse visibilidade.

Já agora julgo também que o Presidente falha neste aspecto pois penso que essa seria uma função do mesmo...