A República Popular da China comemora hoje 60 anos. Os festejos, para não variar, são sumptuosos. Muito foi feito nestas seis décadas. Estranho seria aliás que muito não fosse feito em tanto tempo. Mas, entre outras, fica a faltar uma coisinha: a democracia. Um pequenito pormenor… Nada de especial, portanto.
(Imagem: Juliano Audiência)
4 comentários:
A China é um exemplo inconveniente quer à esquerda quer à direita.
À esquerda porque mostra que um partido comunista, mesmo omnipotente como é o chinês, teve que reconhecer que precisava dos mecanismos capitalistas para relançar o crescimento económico.
Considerando que a sociedade é um barco e que o estado é o casco, por mais forte que o casco seja há que perguntar qual é o motor se quisermos que o barco siga em frente. Os chineses montaram um motor capitalista num barco cujo casco é fortíssimo e continua a ser assegurado pelo Partido Comunista da China. Reconheceram portanto que não existe, para já, nenhum motor mais eficiente.
À direita a China causa outro tipo de engulhos. A tese de que o modelo ocidental de democracia parlamentar é o único que permite que o mercado funcione é desmentido pela experiência chinesa. O mercado imenso que é a China neste momento tem uma dinâmica imparável e a China enriquece todos os dias mesmo quando os outros países mirram sob a crise.
Em democracia sobrevive-se a curto prazo prometendo tudo a todos, mesmo que tal seja impossível; o governo chinês está livre desse fardo e pode concentrar-se no futuro.
Uns e outros usam este "pequeno pormenor" da democracia que devia haver na China para se desobrigarem de compreender e interpretar o fenómeno.
Despacha-se a China com uma penada mas a realidade far-nos-á uma grande partida mais dia menos dia.
Percebo o que dizes e é uma boa análise. E, como é natural, o meu post é redutor porque peca por ser isso mesmo: um post.
Mas repara que muita esquerda sente-se muito mais incomodada (é o meu caso) pela falta de liberdade passados tantos anos. A meu ver, a progressiva conversão à economia de mercado é claramente um aspecto secundário.
Quanto à direita, a tese de que o mercado precisa da democracia pode ser facilmente contraposta com inúmeros exemplos sem sequer passar pela China (de Singapura à Tunisia). Assim sendo, a tese de que a democracia precisa do mercado parece-me mais mobilizável pela direita do que a que referes.
Mas sim, percebo que o exclusivo argumento do "pequeno pormenor" parece redutor face à dimensão chinesa. E claro que não se descodifica ou resume toda uma realidade como a chinesa apenas com base na falta do tal pequeno pormenor.
Mas, chama-me ingénuo se quiseres,
mas acho que a falta de liberdade não pode ser relativizada. Chama-lhe fundamentalismo democrático ou da liberdade se quiseres, mas considero que estes são domínios que não podem ser secundarizados, mesmo perante uma realidade gigantesca e complexa como é a chinesa.
Como é evidente, este tipo de opinião não menospreza ou desrespeita o povo chinês, como chegaste a supor. A opinião sobre um sistema político está longe de poder ser tomada como opinião sobre um país ou um povo.
JRV
Todos os que percebem que o Tratado de Lisboa é para nos reduzir a uma Federação Autoritária da Nova Ordem Mundial, ou são fundamentalistas, ou ingénuos,ou são cépticos, ou são uns chatos!!
Pior que o cego, é aquele que não quer ver!
É que a breve, prazo nos vai acontecer o mesmo.
Agora estou de facto convencida, que Obama, é um seguidor acérrimo de Bush... pelos vistos e para fazer a vontade à China, não recebe S.S.Dalai Lama, quando este está em Washington!
Bem hajam os cifrões, para estes gananciosos...
Abriu um preedente nestes 18 anos! Não receber S.Santidade.
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