domingo, 6 de maio de 2007

A Vontade dos Franceses

Concretizando as previsões de todas as sondagens, Sarkozi venceu as disputadas presidenciais francesas. Apesar dos resultados de Sególène representarem uma ligeira subida face às sondagens de há duas semanas, a vitória pertenceu ao desde sempre favorito Sarkozi.

Destaco duas questões. Em primeiro lugar, as eleições francesas distinguiram-se por uma elevadíssima participação. Contrariando a tendência de abstenção em democracias consolidadas, a experiência de há cinco anos impulsionou a participação do eleitorado francês tanto na primeira como na segunda volta.

A presente experiência enquadra-se bem nas teorias que advogam que a abstenção em democracias consolidadas não significa um total desprendimento do eleitorado relativamente ao jogo democrático. Apesar de apresentar níveis de abstenção elevados, o eleitorado de democracias consolidadas mobiliza-se facilmente quando estão em causa questões consideradas centrais.

Em segundo lugar, destaco um dos motivos que pode ter motivado a vitória de Sarkozi: a importância da autoridade e de "mão firme" relativamente à política da imigração. Sem dúvida que as posições atlanticistas, as ideias sobre a Europa ou a reformas prometidas para a economia francesa terão sido importantes na eleição de Sarkozi. No entanto, não tenhamos dúvidas que o recém-eleito presidente o foi também devido às suas firmes posições e politicas aquando dos distúrbios nos arredores de Paris há cerca de um ano. Foi-o também pelo seu discurso à direita que captou muitas das posições da Frente Nacional de Le Pen.

Neste contexto, apesar dos altíssimos níveis de participação demonstrarem a vitalidade da democracia francesa, os resultados indiciam a resposta conservadora da maioria do eleitorado relativamente a temáticas como a imigração. A presente eleição evidencia assim importantes fracturas na sociedade francesa.

Nos próximos anos, veremos se o desejo de “pulso firme” expresso pelo eleitorado francês contribuirá para sarar ou, pelo contrário, aprofundar as referidas fracturas. Infelizmente, inclino-me muito mais para a segunda hipótese…

Sem comentários: