sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Christmas Silly Season

Surgiu agora um suposto caso de indiciplina numa escola do Porto. Como não podia deixar de ser, foi devidamente inflamado pela disponibilização de um video no You Tube e por ter gerado uma manchete num jornal nacional (JN).

Quem vê o video acima no You Tube, dificilmente chega a grandes concusões. Tendo em conta as declarações da professora visada de que se tratou de um “brincadeira de mau gosto”, e a desvalorização subsequente do Conselho Directivo afirmando que se tratam de bons alunos sem precedentes de indisciplina, rapidamente inclinamo-nos a considerar que, à partida, trata-se de pouco mais do que um fait diver empolado por uma comunicação social com falta de notícias durante a época natalícia.

No entanto, no meio desta história, destaca-se sobretudo a inabilidade com que alguns responsáveis reagiram ao assunto, procurando retirar dividendos. Mário Nogueira esteve mal ao exigir que os alunos fossem rapidamente punidos. E pior ainda esteve o presidente da Federação de Associações de Pais do Norte ao insinuar que os sindicatos poderão ter “encomendado” a divulgação deste video. Enfim... Tudo indica serem efeitos da christmas silly season...

3 comentários:

Anónimo disse...

É por estas, e por muitas outras, que se diz que a Comunicação Social é o 4º Poder.

Ainda um destes dias vi um documentário sobre Rupert Murdoch, o magnata da Comunicação Social, e é incrível o poder que o homem tem à custa do seu controlo dos média um pouco por todo o Mundo, mas em especial na Austrália, Inglaterra e EUA.

Ter Poder obriga a ter Responsabilidade, mas esta última torna-se escassa nos dias que correm...

Rui Rebelo Gamboa disse...

As imagens valem mais que mil palavras.

A Escola que eu quero que os meus filhos estudem não pode, de forma alguma, seja em que situação for, que comportamentos como aquele sejam realidade.

Chegou-se a um estado tal de facilitismo e desleixo em relação à escola, onde um episódio destes é considerado como fait-diver. Incrível!

Depois admirem-se que as escolas privadas estejam nos tops e que a escola pública seja a desgraça que se vê...

...enfim.

João Ricardo Vasconcelos disse...

Rui Gamboa: Não me coloque p.f. no papel de facilitista e desdramatizador perante eventos como este. Também não quero que o meu filho estude em escolas onde tais comportamentos são banais. Se calhar fui mal entendido ao apelidar este evento como fait diver.

De qualquer modo, não percebo qual o contexto em que surgem aquelas imagens (e julgo que tal seria importante para saber-se o que de facto se passou, não acha?).

Por outro lado, como todos sabemos, a indisciplina e a violência nas escolas não são coisas dos nossos dias ou apenas da “geração telemóvel”. Estudei em escolas onde, por exemplo, aconteceram incidentes de alunos atirarem cadeiras a professores (se calhar até foram escolas por onde o Rui também passou). Só que na altura não tínhamos telemóveis e "you tubes"...

Como é evidente, estes e outros comportamentos devem ser combatidos em todas as frentes na realidade escolar. E nunca deverão ser vistos como banais ou encarados com qualquer tipo de facilitismo. Não haja qualquer dúvida a este respeito.

Mas também não acho que o histerismo da comunicação social em torno destes eventos ajude significativamente na sua resolução. Rapidamente se cai, ai sim, na sua banalização, enviesando qualquer discussão séria em torno do problema (basta ver as reacções de Mário Nogueira e do representante das associações de pais...) Aí sim cai-se também em generalizações, como o Rui referiu, entre as “más” escolas públicas e as “boas” escolas privadas.

PS: Aproveito para lhe desejar boas festas a si e ao seu companheiro no Máquina de Lavar, Pedro Lopes.