As sondagens favoráveis ao Bloco e PCP e a recente recuperação do PS têm gerado alguma reflexão neste domínio, com conclusões semelhantes em quadrantes políticos bastante diversos. As desigualdades sociais em Portugal são o motivo central apontado tanto por Rui Tavares como por Pedro Lomba.
Rui Tavares considera que hoje a “direita desistiu de dar resposta ao problema da desigualdade, ou simplesmente falhou. E o eleitorado vira-se para o outro lado.” Pedro Lomba, alguém assumidamente da direita liberal, considera que “Os portugueses são de esquerda porque, no essencial, são mal pagos; e não são mal pagos no meio de outros igualmente mal pagos. Os portugueses mal pagos trabalham todos os dias para os portugueses bem pagos.” Ou seja, enfatiza também a questão da desigualdade.
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Rui Tavares considera que hoje a “direita desistiu de dar resposta ao problema da desigualdade, ou simplesmente falhou. E o eleitorado vira-se para o outro lado.” Pedro Lomba, alguém assumidamente da direita liberal, considera que “Os portugueses são de esquerda porque, no essencial, são mal pagos; e não são mal pagos no meio de outros igualmente mal pagos. Os portugueses mal pagos trabalham todos os dias para os portugueses bem pagos.” Ou seja, enfatiza também a questão da desigualdade.
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Embora seja óbvia a importância das desigualdades sociais (ou a percepção das mesmas) para explicar o auto-posicionamento estrutural à esquerda de um eleitorado, outros factores podem revelar-se tão ou mais relevantes. A configuração do sistema partidário é um deles.
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Diversos estudos demonstram que o posicionamento na escala esquerda-direira do eleitorado resulta sobretudo das suas simpatias partidárias regulares (sublinho a questão da regularidade). Ou seja, e dito de forma muito simples, um eleitor auto-posiciona-se no centro-esquerda sobretudo porque é um simpatizante do PS, e não tanto porque o seu posicionamento político em questões fracturantes reflectir coerentemente a defesa de ideias de centro-esquerda.
..Diversos estudos demonstram que o posicionamento na escala esquerda-direira do eleitorado resulta sobretudo das suas simpatias partidárias regulares (sublinho a questão da regularidade). Ou seja, e dito de forma muito simples, um eleitor auto-posiciona-se no centro-esquerda sobretudo porque é um simpatizante do PS, e não tanto porque o seu posicionamento político em questões fracturantes reflectir coerentemente a defesa de ideias de centro-esquerda.
Se a isto juntarmos o facto das clivagens entre os dois partidos no centro político em Portugal serem relativamente reduzidas e o facto de a direita ser significativamente incipiente em termos ideológicos – o PSD continua por vezes a considerar-se um partido de centro-esquerda e o CDS um partido de centro – é natural que o eleitorado português se posicione tendencialmente mais à esquerda.
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Como é evidente, tal está longe de significar que o eleitorado vote sempre em partidos localizados à esquerda no espectro partidário. Tal acontece sobretudo quando as percepções de desigualdade estão mais salientes e os partidos à esquerda conseguem de forma mais ou menos coerente dar resposta às aspirações maioritárias da opinião pública.
Como é evidente, tal está longe de significar que o eleitorado vote sempre em partidos localizados à esquerda no espectro partidário. Tal acontece sobretudo quando as percepções de desigualdade estão mais salientes e os partidos à esquerda conseguem de forma mais ou menos coerente dar resposta às aspirações maioritárias da opinião pública.
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Aplicado o referido modelo ao momento actual em Portugal, é sobretudo a dificuldade de protagonismo do PSD e o afastamento das políticas de esquerda do Governo PS está a implicar que o centro-esquerda e a esquerda parlamentar possuam cerca de dois terços das intenções de voto, segundo as últimas sondagens. O grande parte do eleitorado típico do PSD está a deslocar-se temporariamente para o PS e o eleitorado mais à esquerda do PS está a rumar sobretudo ao Bloco, mas também ao PCP.
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Concluindo, uma vez que o post já vai muito longo, o posicionamento ideológico dos eleitores reflecte sobretudo as suas naturais simpatias com um determinado partido e não tanto o seu posicionamento estrutural sobre certos temas políticos, como a desigualdade social por exemplo. No momento actual em Portugal, é sobretudo o enfraquecimento do PSD que está a gerar uma perda do seu eleitorado para o PS. Por outro lado, a governação ao centro do PS está a gerar uma fuga do seu eleitorado mais à esquerda para o Bloco e para o PCP.
2 comentários:
Gostaria de responder dizendo os seguinte:
os portugueses são tipicamente de esquerda porque são imbecis chapados.
É a única conclusão possível para o sado masoquismo dos portugueses.
Em vez de brincarem com chicotes, brincam a ser de esquerda.
Eu que ainda sou, estou quase a ficar curado dessa deficiência...
É financeiramente e psicologicamente penoso e desgastante ser de esquerda neste país, especialmente porque os partidos ditos de esquerda são de todo o lado menos da esquerda.
Não digo que me vou voltar para a direita, mas sinceramente vou começar a mandar a esquerda à merda.
Começa a ser cansativo ver tanta asneira feita por pseudo governos de esquerda quando chegam ao poder e acima de tudo perceber-se que as pessoas de esquerda não fazem puto de ideia do mundo em que vivem nem de quais são os perigos reais nesse mesmo mundo.
Já para não falar no "anarquismo" demodé e nas frustrações ressentidas da maior parte dos atrasados mentais que se dizem de esquerda e que vem dos anos sessenta , onde , como falharam na criação do ideal de sociedade que na altura defendiam, agora no século 21 querem impor novas formas de combater a sua frustração pessoal por actos não alcançados há 30 e 40 anos atrás.
Mentalmente, temos que despedir sem justa causa estas pessoas da nossa cabeça.
Os portugueses que são de esquerda assumem uma posição ideológica; os de direita também, ainda que com menos evidência; os outros que são a maioria (PS e PSD)não passam do "resto".
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