sábado, 27 de dezembro de 2008

Israel: Um erro histórico?

O que se está a passar em Gaza é algo a que nos habituamos há gerações. Apenas se torna mais sintomático dada a sua dimensão: 200 mortos num ataque israelita.

Sem desculpar de modo nenhum as responsabilidades dos palestinianos (e outros povos árabes) numa guerra que dura há décadas, Israel demonstra mais uma vez o grande e triste erro histórico que foi a sua formação após a II Guerra Mundial (pelo menos naquele local).

Bem sei que serei considerado simplista e blasfemo por exprimir a convicção acima sem mais. Mas que outra conclusão se pode retirar de um Estado que, desde a sua formação, esteve em permanente estado de guerra com os seus vizinhos para justificar uma existência que lhe foi assegurada por decreto?

Como é evidente, um Estado nunca reconhecerá que a sua existência (naquele território) foi um erro histórico. Não podemos esperar isto de Israel e não se poderá evidentemente voltar atrás. De qualquer modo, a consciência de tal facto por parte da comunidade internacional poderia certamente ajudar a resolver o conflito em causa.

É a minha opinião, que reconheço ser muito dura e algo cruel. Não sou um especialista da história do Estado de Israel e do conflito israelo-palestiniano. De qualquer modo, gostava de saber a opinião de outros que por aqui passam.

10 comentários:

Anónimo disse...

A minha opinião é que escreveu um texto lamentável.

Anónimo disse...

Não penso que israel seja um erro. Cumpre o papel que lhe destinaram: santuário para uma certa comunidade judaica imaginada e instrumento de política externa das potências vencedoras da segunda guerra. talvez aches isto demasiado "realista" mas é como vejo as coisas. Posto isto, é um estado terrorista, disso não há dúvidas.
renegade

João Ricardo Vasconcelos disse...

Paulo Estêvão: Já uma vez tivemos uma interessante troca de galhardetes que, como se recorda, teve origem nos seus curtos comentários aqui neste blog. Tenha, p.f., a amabilidade de entrar na discussão, justificando os seus pontos de vista.

Como é óbvio, não peço dissertações. Apenas um ou dois parágrafos que fundamentem a sua opinião e que possam ser objecto de discussão. Será pedir muito, sr deputado? ;)

Anónimo disse...

Desde 6ª-feira que o Hamas bombardeia Israel; um dos rockets falhou o alvo e matou civis palestineanos, inclusivé, duas crianças; o Hamas não bombardeia alvos militares mas sim civis.

Alguém se incomodou e intimou o Hamas a parar?

O Hamas é, segundo a ONU,uma organização terrorista.

Israel ripostou atacando alvos militares; se os mesmos se encontram camuflados no meio dos civis (como manda o manual) não é culpa de Israel.

O alarido que vai por aí... onde estavam todas estas boas alminhas antes de Israel atacar?

P.S.se fosse palestineano era guerrilheiro, mas os meus alvos não seriam os civis, mas sim os militares e governantes.

Anónimo disse...

Eu poria a tónica em como chegar à paz, em vez de lamentar decisões da década de 40.
Por isso, penso que o Irão e o Hamas têm de reconhecer Israel e esta terá de fazer mais cedências territoriais e talvez a partilha de Jerusalém.
Entretanto, Israel tem todo o direito de se defender.

Anónimo disse...

Não sei o quer que lhe explique sobre este assunto. O senhor já escreveu textos admiráveis sobre muitos outros assuntos. Sei que é um humanista e uma pessoa de opiniões equilibradas. Não compreendo o que lhe deu para escrever este absurdo.

Nunca ouviu falar nos massacres medievais dos judeus? Não lhe contaram nada sobre a Inquisição? Não lhe ensinaram nada a respeito dos pogroms da Europa de Leste?

Não se comove com a imensa catástrofe que foi o holocausto?
Não consegue compreender que após dois mil anos a sofrer os maiores e mais continuados massacres da história - e sobre o efeito conjuntural de uma matança industrial sem paralelo na história da civilização – uma parte do povo judeu sentiu a necessidade, compreensível, de regressar à terra dos seus antepassados, onde aliás já eram maioritários, desde meados do século XIX, em algumas zonas.

Vir dizer que a criação do Estado de Israel foi um erro histórico porque “desde a sua formação, esteve em permanente estado de guerra com os seus vizinhos para justificar uma existência que lhe foi assegurada por decreto” é uma enorme barbaridade.

Quantos anos de paz conheceu a Europa desde a queda do Império Romano? Será que devido a milénios de infindáveis conflitos bélicos a Europa não tem direito à sua existência?

Qual teria sido a sua “solução” para a população judaica existente na Palestina da década de quarenta do século passado? Levá-los para outro lugar conforme se depreende do seu texto: “Israel demonstra mais uma vez o grande e triste erro histórico que foi a sua formação após a II Guerra Mundial (pelo menos naquele local).”

Os nazis também começaram por pensar em os juntar na Europa de Leste, antes de decidirem, pura e simplesmente, exterminá-los. Qual seria o local certo? O Deserto do Calaari?

Ou será que me vai dizer que os judeus da Palestina, em grande parte população recente na zona, deveriam ter sido devolvidos à procedência, na década de quarenta.

Se impusermos esse critério, temos de solicitar à população branca e negra dos Estados Unidos para voltar à Europa e ao Continente Africano. O mesmo se poderia dizer da América Latina, da Austrália, da África do Sul e das minorias asiáticas e africanas do Continente Europeu.

O mesmo se aplicaria a toda a Península Ibérica que deveria ser devolvida aos bascos, o mais puro antepassado dos habitantes originais.

No caso da Palestina até esse critério é, digamos, um pouco complexo de usar, uma vez que se recuarmos 2000 anos na história é justamente o Povo Judeu que encontramos na Palestina.

Nas condições da década de quarenta, a divisão da Palestina – através da resolução 181 de 1947 – em dois Estados, um judeu e outro árabe, foi a decisão correcta.

A comunidade internacional deve impor o regresso às fronteiras de 1948 – assegurando a divisão de Jerusalém – sendo que, para isso, judeus e palestinianos deverão fazer as cedências que se impõem.

O seu texto – que roça o anti-semitismo - é um momento pouco feliz que atribuo apenas à vontade de problematizar. Espero que, de futuro, não repita este tipo de interpretação da história. Seria lamentável e, no seu caso, um desperdício.

Sam disse...

Pessoalmente, concordo com muito do que é dito neste post, e penso o mesmo há muito tempo.

É verdade que, na história da Humanidade, existam poucos povos tão oprimidos como o judaico - mas tal não serve de pretexto, nem que seja por "dó", de reagir com extremismo sempre que alguém interfere com os seus interesses...

João Ricardo Vasconcelos disse...

Paulo Estevão: Agradeço a sua resposta. Pedi-lhe um ou dois parágrafos. Você respondeu-me com bastante mais. Gosto da frontalidade como expressa as suas ideias. Como sabe, estou longe de concordar com muitas delas e com a forma como as coloca. De qualquer modo, estou sempre pronto para discutir ideias e pontos de vista

Sim, tem razão. Fiz este texto para problematizar. Foi um texto curto, como a blogosfera exige. Por isso mesmo, não fico admirado que no seu comentário tenha surgido o conceito de anti-semitismo. Como compreenderá, não me sinto minimamente afectado pelo mesmo uma vez que estou obviamente a milhas de tais ideias.

Se calhar não conheço com tão grande profundidade a história judaica como o Paulo Estêvão. Mas, como é evidente, seria ignorância a mais da minha parte não ter em conta as sagas que o povo judeu foi vitima ao longo da história. E sim, não tenhamos dúvidas que o Holocausto constituiu um dos capitulos mais negros (senão o mais negro) de toda a história da humanidade no Século XX.

Mas pergunto-lhe se tudo isto é razão para a formação de um Estado? Ainda por cima no Médio Oriente, talvez o território do globo com maior historial de conflitualidade entre povos? No Médio Oriente, o verdadeiro quebra-cabeças da geo-política? Por outro lado, não lhe parece que a formação de um Estado por decreto e alguma régua e esquadro tem o seu quê de feudal em pleno século XX? É que Israel não foi formado com base num “regular” processo de autodeterminação de um povo de um determinado território. Foi formado com vista a compensar um povo e uma religião.

Quanto à questão da Europa e dos conflitos bélicos desde a queda do império romano, não me parece que possa ser alvo de paralismos: quer em termos de substância (Israel é um Estado que nunca foi reconhecido pelos seus vizinhos), quer em termos temporais (estamos a falar do século XX e XXI e, como historiador, certamente concordará que a dinâmica e as realidades dos estados modernos não podem ser facilmente comparadas com o que lhes antecedeu séculos antes).

Sobre a solução para este problema, evidentemente não podemos “deslocar” a população judaica que para lá migrou. Não percebo sinceramente porque aprofunda esta falsa questão quando digo no post que “...não se poderá evidentemente voltar atrás.”

Quanto ao regresso às fronteiras de 1948, obviamente que também julgo ser a solução ideal. Uma espécie de “vamos voltar ao que foi inicialmente acordado”. Resta saber se esta é uma solução possível? Temos várias décadas de guerra, de ódios e mortes, de estruturas políticas de ambos os lados que cresceram com base nesse ódio. Temos várias gerações dos dois lados contaminadas pelo ódio e desconfiança mútua. Temos as eventuais facções moderadas de ambos os lados do conflito presos a opiniões públicas com medo, enraivecidas, desesperadas, aprovando soluções extremas que há décadas apenas conseguem escalar o ódio entre judeus e palestinianos. Temos uma comunidade internacional comprometida e presa a fidelidades que foi estabelecendo historicamente com cada um dos lados.

Haverá solução para tudo isto? Espero sinceramente que sim. Mas temo que não basta dizermos para “parar o jogo” e apelarmos a que se volte “ao que foi inicialmente combinado”. Tal não é suficiente e as décadas de tentativas falhadas assim o demonstram. Infelizmente, não tenho certamente na manga soluções que possam colocar um ponto final conflito israelo-palestiniano. Mas julgo também que os “tabus históricos” em nada ajudam a definição de soluções. Compreendo a delicadeza da questão, mas não acho que seja um sacrilégio considerar-se que a formação do Estado de Israel, sobretudo naquele território, foi um erro histórico.

A propósito de eu criticar o facto de ser naquele território, o Paulo Estevão pergunta-me ironicamente porque não no deserto do Calaari? Como concordará, e tal como os israelitas se gabam com grande justiça, Israel nasceu do nada. De um território muito mal tratado, contra tudo e contra todos ergueram-se cidades, ergueu-se um país desenvolvido. Não seriam os judeus capazes de erguer o seu país noutro território do globo? Bem sei que parece conversa de café, mas acredito que sim. Não estariam na sua terra santa, mas não se pode ter tudo, pois não?

Anónimo disse...

o q me parece e q as pessoas estão a recuar a tempos imemoriais para justificar o injustificavel , e o facto de criticar os judeus nao faz de mim antisemita , mas francamente , tenho a liberdade ou não de o ser?
o ja agora o facto de a ONU dizer q o hamas e terrerista, bem ganhou as eleições monitoradas pela UE e americanos , alem disso , so uma pergunta , quandfo no afeganistão os talibãs lutavam contra os russos eram resistententes , e agora são terroristas, na segunda gerra mundial os franceses q lutavam contra os nazis eram terroristas , mas para os aliados eram resistentes, enfim são pomtos de vista , por isso digo q a ONU é cáolha
joão costa

Anónimo disse...

Qualquee pessoa com um mínimo de conhecimento histórico e senso crítico sabe que Israel é um erro Definitivamente. Nunca pesnsei que um dia acharia que Hitler tinha algum motivo a mais para odiar esse povo.