quarta-feira, 25 de março de 2009

As quotas femininas em ano de 3 eleições

O DN recorda hoje que a lei das quotas femininas será aplicada pela primeira vez neste ano em que ocorrerão 3 eleições. Os partidos desdobram-se em esforços para cumprir o 1/3 de candidatas estipulado pela lei. Muitos ainda se questionam sobre a viabilidade da lei.

Uma coisa parece certa: já diz o povo que primeiro estranha-se e depois entranha-se. Os partidos vão certamente adaptar-se. E não percebo a confusão de alguns sobre o facto da igualdade, nomeadamente de géneros, poder ser promovida por decreto. Será necessário enumerar exemplos em que tal foi necessário?
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À semelhança do que aconteceu em muitos outros países, as quotas femininas impulsionarão a paridade de géneros na representação política. Este tipo de discriminação positiva não é em si uma solução perfeita, nem poderá ser o elixir exclusivo para o problema. Mas é uma das melhores soluções possíveis.

7 comentários:

Sérgio Bernardo disse...

Esta só pode ser uma boa solução numa sociedade em que os homens continuam a achar-se melhores do que as mulheres e sentem então a necessidade de, chauvinisticamente, segurar nas mãos das senhoras e acompanhá-las até um lugar seguro - ou nem por isso - numa lista partidária. Considero que a lei da paridade é um desrespeito, sobretudo para com as mulheres, mas também para com os homens, pois havendo alguém mais qualificado, poderá ter de ficar de fora só porque é homem. Enfim é corrigir um disparate com outro e ainda, de forma irritantemente paternalista, achar-se que se está a fazer o melhor para as mulheres.
www.atexturadotexto.blogspot.com

Rui Rebelo Gamboa disse...

O Sérgio Bernardo toca no ponto fulcral, é que o único critério que deve nortear as escolhas é a qualidade dos candidatos e uma lei deste género pode levar, efectivamente, a que um melhor candidato fique de fora, apenas porque tem sexo diferente. Inaceitável. Este tipo de problema resolve-se antes, muito antes, não é com remendos destes que se vai lá. E dou o exemplo do ensino superior, por razões várias, entre elas a guerra no Ultramar, os números de alunos de sexo feminino ultrapassaram largamente os do sexo masculino nas últimas décadas. Assim, pode-se concluir que 1) a tendência normal é que as coisas vão-se equiparando, por si e 2) tendo por base esses números do ensino superior, será de esperar que daqui a uns anos, haja muito mais mulheres em lugares de chefias e a concorrer para cargos políticos. O que se fará nessa altura, mantém-se a lei da paridade ou retira-se?

João Ricardo Vasconcelos disse...

Sérgio Bernardo e Rui Gamboa: Compreendo sinceramente os vossos argumentos. E são, como é evidente, mais do que legitimos e plenamente defensáveis.

Mas não vos parece contraditório que, num país onde tremendas igualdades de género ainda subsistem (contrariamente a outros países europeus, como os nórdicos, p/ex), haja tantos problemas em usar as quotas com o argumento de tal ser degradante para as próprias mulheres. Ou seja, somos os que mais as discriminamos e somos também os primeiros a não querer implementar medidas de discriminação positiva por julgar que tal é uma medida sub-desenvolvida e degradante para as próprias. Curioso, não?

No âmbito da minha actividade profissional, participo em reuniões com representantes de outros Estados-membros com vista á discussão de políticas comunitárias em determinado sector. É sempre engraçado verificar que são os países que menos padecem actualmente do referido problema (nórdicos, alemanha, etc) os mais preocupados com a igualdade de género. O Sul da Europa, onde subsistem mais desigualdades, são os que primeiros a achar que medidas sérias para combater a igualdade de género são despropositadas uma vez que é um problema que, segundo eles, está quase ultrapassado. Curioso, não é?

Rui Rebelo Gamboa disse...

Sem querer entrar muito num tema que não domino, caro JRV, acho que aí começamos a entrar numa questão de comparações de realidades sociais que simplesmente não são comparáveis.

Anónimo disse...

Observação séria embora tardia. Há questões hormonais (e não só culturais) que determinam a diferença entre homens e mulheres. Tentem fazer uma tourada com uma vaca em vez de um touro e compreenderão.
O hábito é as minorias (ou os dominados mesmo que não sejam maioria) tentarem imitar as maiorias (ou os dominadores). As pretas pensam que são mais bonitas embranquecendo a pele e desfrisando o cabelo. Os homossexuais pensam que são melhores se imitarem os hetero (até querem ter filhos). As mulhertes pensam que o ideal é imitarem os homens. Etc.
è tudo asneira. Prefiro a diferença e a variedade.

Anónimo disse...

De facto também acho que as diferenças hormonais (e, em geral, físicas) são inultrapassáveis. Os e as manientas da igualdade das mulheres desvalorizam a maternidade e acham que o que interessa é proceder como os homens; se os homens adoram a política por que não hão-de as mulheres fazer o mesmo? E na mesma percentagem... Assim como no comportamento sexual, há a mania que um homem se deve comportar como mulher. Vejam nos animais como é ... e nós estamos muito próximos, o politicamente correcto é que finge que nao. O homem é essencialmente poligâmico ao contrário da mulher. Vive la diference!!

Carolina de Castro disse...

Sou autarca há muitos anos, e não estou de acordo com a lei.
As mulheres sabem o que querem sem imposição!Caminham pelo seu pé e como mães ensinam os homens a andar!
Vão à luta quando necessário. Não precisam de quotas, precisam é de tempo disponível para mostrarem do que são capazes.

Palmira Pedro