segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Balanço Negativo da Visita de Cavaco à Madeira

Terminada a visita que se iniciou com uma polémica mais do que à altura, o balanço só pode ser negativo. Cavaco Silva esquivou-se claramente na assunção das suas competências enquanto Presidente da República.

As declarações de Jardim quanto ao “bando de loucos” que existe na Assembleia Legislativa Regional Madeirense até poderiam ser consideradas banais dado o espírito de “democrata combativo” do seu protagonista. Mas trataram-se de declarações proferidas nas vésperas da recepção do Presidente da República, órgão de soberania garante, em última análise, da democracia portuguesa. Por outro lado, o facto de Cavaco se ter sujeitado a não ser recebido na Assembleia Legislativa Regional foi também um péssimo sinal transmitido ao país.

No fundo, e perante as contrariedades apresentadas, o que fez Cavaco? Contra todos os apelos da oposição madeirense, literalmente assobiou para o lado, remetendo-se a um vago papel de mediador e de mensageiro da bonança. Como desde logo sublinhou Medeiros Ferreira, “estamos perante a primeira grande derrota política de Cavaco Silva neste seu primeiro mandato”.

3 comentários:

Rui Rebelo Gamboa disse...

Desconheço se ALR madeirense é ou não eficaz, mas se for semelhante à açoreana, então parece-me que não podia ter calhado em melhor altura estas declarações de AJJ.

Estamos sempre a condenar o "politicamente correcto", mas quando alguém "dá um soco na mesa", todos falam mal.

A ALR da Madeira deve ser mesmo um bando de loucos e a minha leitura é diferente em relação ao Cavaco. Penso que foi mais "calar e consentir". Exactamente porque é o garante da democracia, não poderia nem deveria se sentar na ALR madeirense e fazer de conta que está tudo bem e que a coisa funciona, quando na verdade não funciona, tal qual fez nos Açores.

Creio que devemos interpretar todo este episódio como uma chamada de atenção para o papel das ALRs.

João Ricardo Vasconcelos disse...

Meu caro, é uma boa perspectiva. Mas parece-me que não tem em conta dois aspectos importantes:

1) Duvido que tenha sido essa a intenção de Cavaco. Se assim fosse, alguma coisa teria dito a este respeito.

2) Não foi essa a mensagem que passou para a opinião pública. E a mensagem a passar acaba por ser determinante em política

Relativamente ao papel das ALRs, era muito importante de facto que se reflectisse a esse respeito. Mas, como concordará, dificilmente este episódio despoletará a referida reflexão.

Anónimo disse...

Antes de mais, quero dizer que não é assim, com atoardas destas ("um bando de loucos") que se chama a atenção para qualquer debilidade que possa haver na ALR da Madeira.

Se, como pensa o Rui, AJJ se queria referir á ineficácia e desleixo dos Deputados Regionais em relação ás suas (nobres) funções, parece-me uma clara incongruência, na medida em que o PSD Madeira é comandado por AJJ, que tem ali uma clarissima maioria. Será ele, enquanto chefe do Executivo Regional e presidente do maior partido com representação naquela Assembleia, que tem de responder em primeiro lugar por essas, eventuais, falhas.

Ainda há poucos meses AJJ formou lista de deputados com a qual concorreu o Seu PSD à chefia do Governo Regional.
Porque não colocou nomes dignos daquele local e que soubessem honrar as suas funções???

Em suma, todo este episódio terminou como queria AJJ, o deputado do PND de Manuel Monteiro na Assemblei Regional resignou ao cargo, e era a ele que AJJ se referia quando apelidou de "loucos" os que ali tê acento.

Quanto à postura de Cavaco, pareceu-me demasiado branda, se bem que há quem defenda que, na ausência de convite por parte do Presidente da ALR da Madeira, Cavaco não se devia auto convidar.

Quanto ao resta da visita, AJJ soma e segue, pois não há político que ali se desloque que não lhe teça os mais rasgados elogios. Até Gama, que mereceu umas palavras pouco sim+áticas de Jardim, lhe foi prestar homenagem.

O senhor Silva, que em 2005 merecia ser "varrido" da politica, agora, como PR, desloca-se à "pérola do Atlântico" para desfrutar da obra que Jardim fez no Seu jardim.
Palavras ´certas, as de Mederios Ferreira, que o JRV destaca no post.

Com tanta unanimidade, claro que Jardim aproveita a boa-onda dos de Lisboa, e convida o seu inimigo de estimação para ver se Sócrates também lhe fará a "merecida" vénia, pelo "obra" de 3 décadas.

Sócrates, temendo ser enfeitiçado pela atmosfera Madeirense, afasta por ora essa visita de corte.