Manuel Carvalho dedica hoje o seu editorial no Público à questão dos estudos promovidos pelo Estado. Em 2006, 77 milhões de euros foi a quantia gasta. Possuímos um Estado aplicado, sem dúvida… E clientelar.
Manuel Carvalho levanta, e muito bem, três questões. Por um lado, o recurso decrescente do Estado aos serviços públicos com competências para realizar as referidas tarefas. Por outro lado, refere o papel do outsourcing como forma de legitimação de políticas decididas à priori. Aponta, em terceiro lugar, a quantidade de empresas que dependem crescentemente das referidas solicitações do Estado.
Manuel Carvalho levanta, e muito bem, três questões. Por um lado, o recurso decrescente do Estado aos serviços públicos com competências para realizar as referidas tarefas. Por outro lado, refere o papel do outsourcing como forma de legitimação de políticas decididas à priori. Aponta, em terceiro lugar, a quantidade de empresas que dependem crescentemente das referidas solicitações do Estado.
Julgo que seria de acrescentar uma quarta questão, com nítidas relações com a terceira. Os detentores de cargos políticos possuem uma série de clientelas, partidárias ou não, que se dispõem normalmente a alimentar enquanto exercem o poder. As clientelas alimentam-se com almoços que hoje pago eu, amanhã (quando eu precisar) pagas tu. Hoje eu posso dar-te uma benesse, um jeitinho, um empurrãozito. Amanhã, espero que também encomendes estudos à minha empresa, recomendes a minha nomeação para algum cargo ou intercedas por mim na tua crónica do jornal.
O clientelismo não é uma prática nova, antes pelo contrário. Valia a pena que as práticas clientelares fossem estudadas no âmbito das elites político-administrativas portuguesas. Suspeito que os resultados seriam, no mínimo, interessantes…
2 comentários:
O clientelismo é quase tão antigo como este país. Mas é formidável que ainda hoje se pratique, tão às claras, sem problema. É o nosso apego às tradições. A cultura mediterranico-mafiosa ensina-nos que "cada um tem de cuidar dos seus".
E a quantidade de dinheiro que a máquina pública "investe" nas grandes empresas de advogados da capital? Rios e rios de dinheiro, como se a Administração Pública não tivesse serviços próprios para o efeito.
José Miguel Júdice ainda teve o descaramento de vir dizer que as três maiores empresas do país deveriam ser sempre consultadas. É preciso ter lata...
Os maiores liberais deste país são os primeiros a se segurar no Estado. É o porto mais seguro.
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