quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Portela + 1 e o (Quase) Silêncio em seu Torno

Finalmente saiu um estudo defendendo a solução Portela + 1. Paradoxalmente, e perante um vazio inexplicável na ponderação desta hipótese, parece que a Associação Comercial do Porto é das únicas interessadas em que o aeroporto permaneça em Lisboa. Curioso, não?

O estudo patrocinado pela Ass. Comercial do Porto e realizado pela Universidade Católica aponta o modelo Portela + 1 como bastante mais económico que a solução OTA. Poupam-se uns meros 2 mil milhões de trocos… É de estranhar que não tenha existido uma mobilização significativa para que Lisboa continue a ter um aeroporto, apoiado por um segundo eventualmente direccionado para as low costs. Um modelo semelhante a Paris, Londres ou Nova Iorque, mas que pelos vistos não merecia muita atenção…

O Governo abandonou esta solução sem explicar bem o porquê… António Costa permanece mudo, vinculado à fidelidade para com o Executivo Socialista… A oposição também só agora começou a acordar seriamente para esta possibilidade… Ou seja, perante o panorama de a capital do país perder um aeroporto, só muitos meses (ou alguns anos) depois é que uma solução de manutenção do mesmo começa a merecer algum crédito. Para tornar a questão ainda mais curiosa, foi preciso que a Associação Comercial da segunda cidade do país pagasse um estudo para que a hipótese comece a ser verdadeiramente tida em conta. Há coisas fantásticas, não há?

4 comentários:

Anónimo disse...

A opção Portela + 1 não é totalmente descartável - a comprová-lo estão experiências semelhantes, e coroadas de sucesso, em cidades como as referidas no post. Contudo, é necessário que se desvaneçam alguns preconceitos. Não é um aeroporto qualquer que, apenas por ser secundário, atrairá o tráfego low cost. É completamente errado -além de tecnicamente desonesto- defender-se, como faz muita imprensa, que as transportadoras de baixo custo operam apenas, ou até primordialmente, para aeroportos secundários. Esse tipo de operação é tónica dominante em companhias como a Ryanair ou a Wizz Air. Contudo, mais de 90% destas empresas (da Air Berlin à Helvetic Airways, da Easyjet à Thomsonfly, da Germanwings à Clickair, para referir apenas algumas) exigem operar para os aeroportos principais das cidades que servem. Isto, pela natureza das coisas, deve-se a uma razão muito simples: a operação das LCC apenas é rentável com fortes níveis de ocupação das aeronaves pelo que tais operadoras tendem a instalar-se em aeroportos com maior procura. Sucede que, assim, correr-se-à o risco de as companhias que hoje aterram na Portela continuarem a preferir aquele aeroporto, mantendo-se o esgotamento presente. Isso acontece, por exemplo, em Bucareste (com o secundário Baneasa) ou em Gotemburgo (com o secundário Göteborg City flygplats -até mais próximo do centro do que o aeroporto principal daquela cidade sueca) onde os aeroportos secundários crescem pela geração de novo tráfego ao invés de captarem tráfego transferido da estrutura principal.

samuel disse...

Como já disse alguém, o problema deve ser exactamente ser barato demais!...

João Ricardo Vasconcelos disse...

Max, levantas uma excelente questão. Concordo naturalmente que deverá ser tida muito em conta na análise da hipótese Portela +1.

Anónimo disse...

A questão não passa de todo apenas pelas low cost, passa primordialmente pelo plano de crescimento da TAP-Portugal. Com 20 novos aviões encomendados à Airbus, onde se incluem 16 aviões de grande porte (A350), aos quais ainda se têm de somar cerca de 6 que estão por chegar nos próximos tempos (A330)e os cerca de 10 que já cá estão baseados (4 A340 e 6 A330, acho) físicamente a Portela não terá e-s-p-a-ç-o para albergar tanta lataria. As low cost por mais que sejam tráfego em crescimento ainda não são um factor de peso fora de série que justifiquem um aeroporto dedicado!