sábado, 1 de dezembro de 2007

O Discurso da Tranquilidade

Sobre a greve geral da função pública, Sócrates diz que a encarou com tranquilidade. Sobre o facto de Cavaco ter pedido a revisão da constitucionalidade da lei dos vínculos da Função Pública, Sócrates também o encarou como algo perfeitamente normal…

Expressar tranquilidade quando, pelo menos, 20% dos funcionários públicos chegaram ao ponto de abdicar de um dia de vencimento em sinal de protesto contra as políticas governamentais, acaba por ser estranho. Considerar normal que uma lei aprovada pelo seu Executivo seja sujeita a revisão da constitucionalidade é, no mínimo, paradoxal. Podemos então deduzir que a lei foi feita sem ter em atenção o necessário acordo com a constituição? Independentemente de ter existido algum tipo de pré-acordo entre Sócrates e Cavaco sobre o acto deste último, a situação dificilmente pode ser considerada normal.

Como sabemos, quando as condições são adversas, o actor político acentua o discurso da normalidade e da tranquilidade. A situação actual não é excessivamente critica para o Executivo, como aliás continuam a demonstrar as sondagens. De qualquer modo, não será necessário ser profeta para se constatar que, nos próximos tempos, o Governo tenderá a manifestar-se cada vez mais “tranquilo”.

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