Pacheco Pereira brindou-nos, no Público de Sábado, com uma reflexão interessante sobre a blogosfera em Portugal. Embora reconheça diversos aspectos positivos, parece sobretudo empenhado em querer fazer sobressair os aspectos negativos da mesma.
A título de exemplo, afirma que a blogosfera “…caminha para ser um instrumento suplementar que reforça as duas tendências em curso nos nossos dias: a da substituição da democracia pela demagogia e a espectacularização da sociedade.” Subentende-se que legitima a referida opinião com base nas características imediatistas, impulsivas e maniqueístas que atribui à blogosfera.
O seu discurso parece assim não apreciar muito o reverso da medalha. Ou seja, o facto de a blogosfera se constituir também como um importante instrumento de participação no espaço público. E de participação de muitos que, de outro modo, não o fariam. Os problemas que Pacheco Pereira aponta são, aliás, argumentos típicos dos opositores de um alargamento excessivo da participação nas sociedades democráticas.
Por outro lado, o seu discurso parece também não ter muito em conta o facto do mundo dos blogues possuir, apesar de tudo, mecanismos interessantes de filtragem da demagogia e da espectacularização que refere. Essa filtragem sucede até, e desde logo, pelo razoável nível de exigência do tipo de população portuguesa consumidora de blogues.
Neste contexto, embora o seu artigo toque diversos pontos importantes e interessantes, Pacheco Pereira não esconde um certo espírito elitista no acesso ao direito de opinar. Deixa transparecer algum incómodo a este respeito, disfarçando-o ligeiramente com as bandeiras dos “perigos para a democracia”. É pena, porque o artigo até era um bom artigo. Não havia necessidade….
A título de exemplo, afirma que a blogosfera “…caminha para ser um instrumento suplementar que reforça as duas tendências em curso nos nossos dias: a da substituição da democracia pela demagogia e a espectacularização da sociedade.” Subentende-se que legitima a referida opinião com base nas características imediatistas, impulsivas e maniqueístas que atribui à blogosfera.
O seu discurso parece assim não apreciar muito o reverso da medalha. Ou seja, o facto de a blogosfera se constituir também como um importante instrumento de participação no espaço público. E de participação de muitos que, de outro modo, não o fariam. Os problemas que Pacheco Pereira aponta são, aliás, argumentos típicos dos opositores de um alargamento excessivo da participação nas sociedades democráticas.
Por outro lado, o seu discurso parece também não ter muito em conta o facto do mundo dos blogues possuir, apesar de tudo, mecanismos interessantes de filtragem da demagogia e da espectacularização que refere. Essa filtragem sucede até, e desde logo, pelo razoável nível de exigência do tipo de população portuguesa consumidora de blogues.
Neste contexto, embora o seu artigo toque diversos pontos importantes e interessantes, Pacheco Pereira não esconde um certo espírito elitista no acesso ao direito de opinar. Deixa transparecer algum incómodo a este respeito, disfarçando-o ligeiramente com as bandeiras dos “perigos para a democracia”. É pena, porque o artigo até era um bom artigo. Não havia necessidade….
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