sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Vou só ali (a Havana) e já venho...

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Até ao dia 7, o Activismo de Sofá vai gozar de umas saborosas férias. Até lá, é possivel que consiga ir postando algumas fotos e um ou outro texto diletante. A ver vamos. Hasta!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Culpas de parte a parte

A ruptura agora formalizada entre o BE e Sá Fernandes é apenas a consequência de um mal-estar que há muito se fazia sentir. E, à semelhança de muitos divórcios, torna-se difícil concluir quem foi o principal responsável.

O incómodo do BE relativamente à coligação de Lisboa fez-se sentir apenas três meses depois do executivo ter tomado posse. Para o efeito, basta lembrar este incidente na Assembleia Municipal em Novembro do ano passado em que se mostrou desde logo alguma desarticulação entre os deputados municipais do partido e o vereador eleito.

Em Março deste ano, para surpresa da opinião pública, Louçã anunciou que a coligação em Lisboa não se iria repetir em 2009. Importa sublinhar que na altura não foram invocadas quaisquer incompatibilidades com Sá Fernandes, mas sim que "os projectos políticos [do BE e do PS] nas legislativas, nas autárquicas e, enfim, na condução da política do país, estão em confronto”. Tal foi feito certamente sem grande articulação com o vereador, uma vez que este veio dizer pouco depois que Lisboa era um “caso em aberto.

Nos domínios acima, o Bloco não esteve bem na condução de processos que, em última instância, deveriam ter sido melhor acordados com o vereador eleito. A partir de então, as tensões parecem ter-se multiplicado.
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Do lado de Sá Fernandes, a excessiva solidariedade para com o actual executivo municipal, em prejuízo do partido que apoiou a sua eleição, acabou por ditar o presente divórcio. Entre os incidentes mais relevantes, destaca-se o apoio do vereador à posição de Ana Sara Brito no caso das casas da CML. Mais recentemente, a acérrima defesa que Sá Fernandes efectuou sobre a questão do terminal de contentores de Alcântara, à revelia do posicionamento do partido, acabou por consumar a presente ruptura.

Neste contexto, as culpas deste divórcio repartem-se quase igualitariamente pelos “cônjuges”. Sá Fernandes deixou assim de ser o “Zé que faz falta” cuja eleição acalentou fortes esperanças junto de determinados sectores do eleitorado, para passar a ser uma desilusão (ver post de Miguel Portas). O Bloco, por seu turno, falhou a sua primeira grande experiência governativa. Um facto que, pelo seu simbolismo, não deverá ser menosprezado e cujas consequências reflectir-se-ão certamente no posicionamento futuro do partido.

Como é natural, nestas questões de divórcio, os primeiros indícios de lavagem de roupa suja começam a surgir (aqui, aqui e aqui). Enfim... Estranho seria se assim não acontecesse.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ao Serviço do Líder

O Público do passado Domingo destacou cinco páginas à importância que as questões de comunicação assumem para o primeiro-ministro. Um tema que não é novo, mas cujo conhecimento em Portugal apresenta-se ainda pouco explorado.

O Público destaca, em primeiro lugar, um artigo publicado na Análise Social (revista do Instituto de Ciências Sociais da UL) relativo à forma como Sócrates aprofundou severamente as preocupações de comunicação quando comparado com os anteriores secretários-gerais socialistas. O referido artigo, da autoria de Marco Lisi e denominado “Ao Serviço do Líder”, pode ser lido na integra aqui. Recomendo.

A peça do Público destaca ainda o misterioso mundo das empresas de comunicação que prestam serviços aos partidos e aos Governos. Relações pouco claras num domínio que, como é de senso comum, assume cada vez maior importância no combate político democrático. Para os interessados nesta temática, vale a pena a sua leitura (aqui, aqui e aqui).

Quem é esse tal de Dias Loteiro?

Cavaco Silva afirmou que recebeu ontem um tal de "Dr. Dias Loteiro"... Dias Loteiro??? Não estou a ver quem é... Alguém faz o favor de me explicar quem esse tal de Dias Loteiro? Verifiquem o segundo 20 do video abaixo.


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"Dias Loteiro" ou "Dias Doteiro"? Estou na dúvida e agradeço sugestões. Tal como disse ontem, anda tudo muito nervoso com esta questão do BPN... ;)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Anda tudo muito nervoso com o BPN... As trapalhadas sucedem-se

1 - O PS chumbou inexplicavelmente a audição de responsáveis do BPN na Assembleia da República por se tratar de um assunto no domínio da investigação criminal. Mas, pouco depois, deu o dito por não dito querendo ouvir o Procurador-Geral da República e até viabilizou no Domingo a comissão de inquérito.

2 - Dias Loureiro diz que se encontrou com António Marta e lhe manifestou preocupações com o BPN. O vice-presidente do Banco de Portugal já desmentiu a versão do ex-ministro, afirmando que o tom da conversa foi precisamente ao contrário.
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domingo, 23 de novembro de 2008

Uma séria nódoa no Cavaquismo

Cavaco rejeita qualquer ligação ao BPN, à excepção de um conta poupança que lá possui. O comunicado hoje emitido procura clarificar a sua situação no contexto de algumas tentativas da comunicação social em associá-lo ao banco que tantas linhas tem feito correr.

O presidente bem pode fazê-lo em termos formais, mas a associação de tantas figuras dos seus tempos de governação a um escândalo que ainda agora está no princípio, deixa inevitavelmente sombras sobre o seu legado de glória no PSD e no país.

Marco António Costa pode clamar que há uma tentativa em curso para assassinar politicamente a memória do cavaquismo. Feliz ou infelizmente, os factos têm falado por si quanto ao forte envolvimento de figuras cavaquistas em torno deste processo. E a única hipótese que o PSD e o próprio Cavaco têm de lavar a face e estancar esta hemoragia é querendo esclarecer o assunto até ao último pormenor.

Estes jovens são uma cambada de estúpidos...


«Hoje, estas entusiastas criancinhas, que nada têm para arriscar, batem-se por quê: por mais um computador em casa, um telemóvel de última geração, uma nova discoteca para enfiarem shots até cairem de borco? É certo que tinha razão relativamente ao regime de faltas. (...) De resto, que sabem eles do assunto para declararem que querem a demissão da ministra porque ela é “muito autoritária”? Apetece mandá-los para trabalhos forçados , a colherem tomate dobrados até ao chão ou apanharem ovos e limparem capoeiras – para saberem o que vale um ovo e o que vale um tomate.»
Miguel Sousa Tavares, o intelectual e romancista filho de uma poetisa e de um advogado, armado em homem do campo que sabe o que custa a vida, a falar sobre os jovens dos nossos dias (Expresso, 22/11/2008).

sábado, 22 de novembro de 2008

Google Books

Há já algum tempo que a forma como se faz investigação académica em Portugal mudou significativamente. A disponibilidade de informação online tem vindo a revolucionar estes domínios.

Ferramentas como a b-On (Biblioteca do Conhecimento Online) permitem há muito que a população académica possa aceder com um click a um manancial de papers académicos inimaginável há uma dúzia de anos atrás.

Motivado pela investigação que estou a fazer, só ontem percebi bem o potencial do Google Books (http://books.google.pt/). A plataforma disponibiliza online versões integrais de livros. Está ainda muito longe de cobrir as necessidades totais de uma investigação. No entanto, com dois ou três clicks, qualquer pessoa pode consultar na integra obras de referência recentes dos mais diversos domínios científicos.

Deixo aqui apenas três exemplos de obras na minha área que, tendo saído há pouco tempo, e possuindo um preço exorbitante, podem hoje ser consultadas na integra por qualquer pessoa:

- The Oxford Handbook of Political Institutions
- Estimating the Policy Position of Political Actors
- Patterns of Parliamentary Behavior

Confesso que me rendi à ferramenta. A pesquisa de títulos torna-se viciante. Investigar já não é o que era...

Ponto de vista...

Eu até acho que o Dias Loureiro não devia ser demitido do Conselho de Estado pelas suspeitas de corrupção. Mas sim por ter confessado perante o país que não passa de um grandessissimo tótó, incompetente e distraído. Um perigo, portanto.
Pedro S., um amigo meu na sequência da entrevista na RTP

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Eu não sabia de nada e não me considero rico...

Da entrevista de Dias Loureiro, destaco duas questões que achei interessantes. Em primeiro lugar o facto do ex-ministro dizer que não sabia de quaisquer irregularidades, não tendo sequer conhecimento da aquisição do Banco Insular.

Afirma que confiou em Oliveira e Costa e nas suas boas intenções. É estranho que um administrador de uma tão grande sociedade financeira consiga ser tão leviano e distraído. Aprovou relatórios de contas e tudo, mas não sabia de nada... Mas ok, presunção de inocência até ao fim.

O outro aspecto que gostava de sublinhar diz respeito às partes dispersas da entrevista em que se falou dos rumores sobre o enriquecimento abrupto de Dias Loureiro após ter sido ministro. Este afirmou no fim que não se considerava um homem rico.

Mas durante a entrevista ouvi-mo-lo dizer que: 1) quando deixou de ser ministro (1995) tinha “pouco dinheiro”; 2) teve depois uma fase em que fez “algum dinheiro” com uma empresa em Marrocos; 3) em 2000 ou 2001 (5 ou 6 anos depois de ter “pouco dinheiro”) investiu no BPN 1 milhão e trezentos mil contos, tendo depois reforçado o seu investimento em 300 mil contos (cito de memória). Comentários para quê?

Uma Escolha Inteligente



Obama une assim definitivamente o seu partido e vai buscar algum eleitorado que fugiu para McCain, ao mesmo tempo que, como dizia há pouco Rui Tavares na SIC Notícias, consegue alguém para fazer de "bad cop" na política externa.

Quando as cedências podem já não ser suficientes

A ministra recuou ontem, cedendo a algumas das reivindicações dos sindicatos. Não o fez por acaso. Fê-lo depois de duas gigantescas manifestações, depois das duas últimas semanas terem sido para esquecer, depois de um braço de ferro que não está a conseguir segurar.

Cedeu em diversos aspectos mas os sindicatos e a oposição já fizeram saber que tal não é suficiente. Será esta uma posição extremista dos sindicatos, tal como alguns já se apressaram a defender? Julgo que não. É sim uma posição natural.

O Ministério da Educação cedeu em alguns aspectos depois de se ter mantido inflexível durante muito tempo. Conseguiu com tal inflexibilidade um grande extremar de posições. Neste contexto, não me admira naturalmente o posicionamento dos sindicatos, que reflectem certamente a vastissima maioria da classe docente. Neste momento, em termos de balança de poderes, estão em clarissima vantagem. Conseguiram cercar o seu adversário. Porque haveriam de ser razoáveis?

Permitam-me um paralelismo extremo. Em princípios de 1944, os aliados já estavam largamente a ganhar a guerra. A Alemanha nunca se rendeu. Os aliados conseguiram então, a muito custo, chegar a Berlim. Acham que, na referida altura, faria algum sentido os alemães tentarem negociar o que quer que seja? Claro que não. A partir de determinada altura dos conflitos, a vitória incondicional torna-se o único objectivo da parte que se encontra em vantagem.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Eu posso ir ao fundo, mas vocês vêm todos comigo!

«Luís Filipe Menezes revelou ontem que vários membros da Comissão Política do PSD se demitiram na sequência da sua proposta de se avançar com um inquérito parlamentar à supervisão bancária e lembrou que, nessa altura, recebeu “críticas ameaçadoras”, algumas das quais de “alguns ex-ministros que não queriam que avançasse a fiscalização à supervisão bancária”». (Público, 20/11/2008)

Marcelo, o Salvador!

Com os tropeções constantes de Ferreira leite, já se fala no interior do PSD da sua sucessão no ínicio de 2009. Estando Menezes fora do baralho, Passos Coelho hesitante e Morais Sarmento à espera que o convidem, alguns núcleos do partido começam a falar de Marcelo Rebelo de Sousa.

Em momentos de crise, as almas lusas refugiam-se sempre em Dons Sebastiãos… É um autêntico fado...

Audições aos responsáveis do BPN: o que tem o PS a perder?

No mesmo dia em que o Público noticiava actuações comprometedoras de Dias Loureiro na gestão do BPN, o PS voltou a recusar a audição do conselheiro de Estado e ex-administrador pela Assembleia da República. Um acto considerado inexplicável até por insuspeitos (Bettencourt Resendes, António Vitorino).

Mas porquê estas reticências em ouvir os responsáveis de um banco após a sua nacionalização? Um banco que, ainda por cima, está ligado ao seu principal oponente? O argumento utilizado pelo PS de que a Assembleia não é a instituição apropriada para as referidas auscultações não convence ninguém.
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Qual então o interesse do PS em bloquear as referidas audições? Convém-lhe mais que personalidades como Dias Loureiro não se possam esclarecer publicamente, prolongando-se assim a suspeita? É uma hipótese… Ou será que o PS não está a querer massacrar publicamente o PSD e seus quadros porque também possui a sua cauda presa algures?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ninguém pode acusar o PSD de Oportunismo

Numa altura em que fortes abalos se têm feito sentir para os lados de S. Bento, o que faz o PSD? Farta-se de dar tiros no pé ou mesmo noutros sítios… A isto se chama um verdadeiro altruísmo político.
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Esta última semana e meia tem sido terrível para Sócrates. O descontentamento disseminado na Educação e o braço de Ferro que teima em não terminar estão a provocar um desgaste no executivo como há muito não se via. Esta seria uma oportunidade fantástica para o maior partido da oposição aproveitar as circunstâncias.
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Mas nem isso o PSD e sua actual líder estão a conseguir fazer. Com um governo a mostrar fortes sinais de fragilidade, Ferreira Leite consegue a maravilhosa façanha de conseguir manchetes em todos os jornais a propósito de declarações mais do que tristes.
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Manuela não vai lá. Conseguiu desbaratar o seu estado de graça em tempo recorde e caiu já em descrédito total junto da maioria da opinião pública. Alguém consegue imaginar Ferreira Leite a aguentar-se até às legislativas de 2009? Aliás, nem será preciso tanto: Alguém consegue imaginar que Ferreira Leite se aguente até Fevereiro ou Março de 2009?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Temos pena...

Enquanto administrador executivo do Grupo do BPN, Dias Loureiro participou na compra de empresas que foi ocultada das autoridades.

Revelações como esta são mais do que previsiveis. Num grupo como o BPN, onde as irregularidades parecem ter proliferado, são elevadissimas as probabilidades de as mesmas atingirem os destacados quadros do PSD que integram ou integraram o referido banco.

Numa situação normal, as referidas irregularidades permaneceriam no segredo dos deuses e os referidos quadros continuariam com a sua reputação de intocáveis e prosseguiriam tranquilamente as suas “vidinhas”.
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No entanto, em momentos como o actual, as confluências de interesses acabam por proporcionar que as irregularidades venham ao de cima. A sede de notícias da comunicação social aliada ao interesse que os adversários políticos ou outros poderão ter na divulgação de quaisquer actos ilícitos tornam os presumiveis responsáveis em alvos fáceis.

É a vida... E ainda bem que assim é, caso seja de facto a verdade que está a vir ao de cima. Se assim for, meu caro Dias Loureiro, "temos pena"...

Palinização de Ferreira Leite?

Com uma ironia no mínimo duvidosa, Ferreira Leite questionou-se sobre a possibilidade de interromper a democracia durante seis meses e colocar tudo na ordem. Eis o video das declarações:


Se a isto juntarmos a série de gafes cometidas nos últimos dias, não estaremos perante sintomas que indiciam uma progressiva palinização (ou "bronquice aguda", se quiserem) de Ferreira Leite?
  • Ferreira Leite e a capacidade dos média seleccionarem as Notícias (13/11/2008) (Ver Video RTP)
  • Ferreira Leite e a redução do desemprego em Cabo Verde e Ucrânia (02/11/2008) (Ver Video RTP)

2 anos de Activismo de Sofá

No mesmo dia em que o Rato Mickey comemora 80 anos, este blogue celebra o seu segundo aniversário. Será coincidência? Se calhar não… Não estou a conseguir identificar pontos de contacto entre o Rato Mickey e o Activismo de Sofá, mas é possível existam. Existirão certamente...
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Olhando para o que escrevi há um ano atrás, o Activismo de Sofá foi mudando, evoluindo, conhecendo-se melhor a si próprio. Para além de ter acelerado na quantidade de postagens (743 até ao presente), o tom dos textos foi assumindo contornos mais variados: ora mais humorísticos, ora mais sérios, ora mais chateados, ora mais comprometidos, ora mais refugiados na pequena piadinha política.

Mas julgo que o importante tem sido verificar que o Activismo está mais visitado. Os comentários têm aparecido em maior número, gerando aqui e ali algumas discussões interessantes de acompanhar. Espero, naturalmente, que este dinamismo continue.
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Há um ano agradeci aos “milhões e milhões de leitores” que por aqui passam regularmente. Este ano agradeço aos "biliões e biliões" que ainda vão tendo paciência para ler os bitates que aqui vão sendo lançados. O Activismo de Sofá é vosso! (parte em que uma lágrima surge no canto do olho devidamente enquadrada por um sorriso agradecido e um olhar para o infinito). Esperamos estar cá daqui a um ano.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ó Anibal, e se tivesses caladinho, hein?

"O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirmou hoje que os investimentos rentáveis, privados ou públicos, devem ser concretizados e que não é por causa da crise que devem ser adiados." (Público, 17/11/2008)
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Não é possível descortinar exactamente quais as reais intenções destas afirmações de Cavaco. Mas, à partida, Ferreira Leite não tem razões para estar muito satisfeita com as mesmas...

Jogos Negociais

O Ministério da Educação enceta agora algumas negociações. A ministra mostra-se disposta a desburocratizar o processo de avaliação dos docentes. E os sindicatos, como poderão reagir a esta ou outras aberturas?

Maria de Lurdes Rodrigues está a fazer o seu papel, seguindo à letra o que dizem os manuais. Tal como aconteceu após a manifestação de Março, embora não ceda em aspectos essenciais, procurará a todo o custo algum acordo com os sindicatos. Tal permitir-lhe-á ganhar tempo e eventualmente calar os sindicatos deslegitimando-os perante um classe docente a transbordar de descontentamento.

O problema é que os sindicatos já cairam nesse jogo uma vez e só por milagre não se queimaram seriamente perante aqueles que representam. Com o descontentamento que prolifera nas escolas, os sindicatos encontram-se em posição de rejeitar qualquer entendimento (por mais razoável que seja) que não preveja a suspenção imediata do processo de avaiação. O presente momento político assim o determina...

domingo, 16 de novembro de 2008

Porque é que Sócrates não fez o mesmo com Manuel Alegre?


No dia em que Manuel Alegre deu uma entrevista ao DN mostrando mais uma vez a sua desilusão com o PS, vale a pena perguntar porque é que Sócrates não aplicou a Alegre o mesmo elixir que foi dado a outras personalidades conotadas com a ala esquerda do PS?

Tudo começou ainda em 2004, com Vieira da Silva, braço direito de Ferro Rodrigues a aceitar integrar a direcção do recém eleito líder socialista José Sócrates. Prosseguiu com a sua inclusão (e a de Augusto Santos Silva, que apoiara Alegre no Congresso de Guimarães) no Governo; e com a chamada de Alberto Martins (outro alegrista) à liderança do grupo parlamentar; Ferro Rodrigues foi exilado para a OCDE , seguiu-se-lhe João Cravinho para o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento em Londres. Por cá ficou ainda Manuel Maria Carrilho, que toma posse, em Janeiro, como embaixador na UNESCO.” (Expresso, 15/11/2008)

Namoro à vista?

O Expresso desta semana trás uma peça dedicada às alterações que se têm vindo a verificar no relacionamento entre Sócrates e Portas. Os tempos dos debates fracticidas na Assembleia parecem ter dado lugar a alguma cordialidade no confronto entre os dois líderes.

Portas tem prosseguido uma estratégia de afastamento do PSD, procurando consolidar o lugar do CDS na direita política. Por outro lado, tem optado por posicionamentos mais construtivos, apresentando propostas e não entrando em confrontos desnecessários com o primeiro ministro.

Uma vez que 2009 poderá não reservar uma maioria absoluta ao PS, estes possíveis sinais de aproximação ao CDS merecem alguma atenção. Quem foi o principal aliado das maiorias relativas de Guterres? Ah pois é...

sábado, 15 de novembro de 2008

Uma semana para esquecer... E a próxima, como será?

A semana que agora termina foi uma das piores (senão a pior) que o actual executivo já enfrentou. Desde o sábado passado, o descontentamento generalizado na Educação varreu diariamente as manchetes na imprensa. O desgaste está para ficar?

Trata-se, sem dúvida, de uma pergunta de futurologia política cujas respostas valem o que valem. No entanto, alguns aspectos podem ser realçados. Caso a próxima semana se revele semelhante na Educação, com diversas escolas a suspenderem os processos de avaliação, a Ministra e seus Secretários de Estado correrão sérios riscos de sobrevivência política.

Por outro lado, não são deverá ser desprezado o efeito de contágio que a actual crise na Educação poderá ter noutros sectores. No Ensino Superior, por exemplo, alguns sinais foram dados esta semana na polémica entre Mariano Gago e os reitores, estando os estudantes a mobilizar-se. Aguardam-se desenvolvimentos.

Se a isto somarmos o facto de estar agendada uma greve geral da Função Pública para a próxima sexta-feira, os dados estão lançados para que a próxima semana seja igualmente desgastante para Sócrates e os seus companheiros. A ver vamos...

A decisão definitiva que rapidamente deixou de o ser...

Segundo o Sol, “a PSP deixou de revelar o número de participantes em manifestações. Assim, não forneceu valores oficiais sobre a última concentração de professores. Depois da ‘invasão’ de Lisboa por 100 mil docentes, em 8 de Março, cuja divulgação irritou o Governo, as ordens foram para não contabilizar números daqui para a frente.

O Director Nacional da PSP assume a decisão como sua e afirma ter chegado “à conclusão de que não há nenhuma mais-valia nessa divulgação para a PSP, os manifestantes, os sindicatos ou os jornalistas porque há sempre discrepâncias”. Assume ainda que a decisão tem “um carácter definitivo”.

No entanto, sobre a manifestação de hoje de professores pode ler-se no Público que a polícia estima que “tenham estado no protesto cerca de sete mil professores.

Mas então ficamos em quê? A decisão definitiva afinal já não o é? Era definitiva a semana passada quando uma multidão invadiu Lisboa e deixou de o ser para revelar que hoje apenas estiveram 7 mil professores nas ruas?

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A Mensagem de Ferreira Leite

O efeito “bola-de-neve”

Esta semana está a ser um massacre para o Governo. Como se já não bastasse o que se passa na Educação, a contestação começa a surgir também no Ensino Superior.

Começam a surgir sinais de um descontentamente que há muito se demonstrava semi-adormecido. Da demissão e declarações do reitor da Universidade de Lisboa às movimentações das Associações de Estudantes, os próximos tempos não se afiguram serenos.

A postura de Mariano Gago há pouco na SIC Notícias poderá também ser uma preciosa ajuda ao descontentamento que parece estar a surgir. Questionado sobre o posicionamento do reitor da Universidade de Lisboa, o Ministro qualificou-a usando palavras como “ridículo” e “irresponsável” (cito de memória). Continue assim, sr. ministro. Continue assim...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ó Sócrates, que falta de sorte...


“Estava tudo a correr tão bem... Uma crise mundial a esconder as maleitas da economia caseira, um banco nacionalizado perante o amém da sossegada oposição, Orçamento (na generalidade) e Código do Trabalho aprovados na mesma paz, perante uma opinião pública indiferente, distraída. E logo tinham de vir os professores.”
Miguel Gaspar, Público 11/11/2008

A relação de Amor/Ódio

O Amor...
“...o PS tem orgulho no Manuel Alegre. (...) Portanto, sinto-me muito feliz numa casa que tem também o Manuel Alegre, que, para além de ser um político inteligente, e capaz, é também um grande intelectual e um grande poeta."

O Ódio...
Manuel Alegre está sempre disponível para dar razão a toda a gente, menos ao Governo e ao PS.
Sócrates, depois das críticas do “quero, posso e mando” de Manuel Alegre, Espresso 12/11/2008

O PSD agradece...

No âmbito do processo da amplificação do terminal de Alcântara, sobre o qual já falamos aqui diversas vezes (I;II;III), o grupo parlamentar do PSD conseguiu agora assumir um protagonismo significativo. Apresentou dois projectos de diploma com vista a travar as intenções governamentais.

Segundo o Público, dois projectos foram apresentados: 1) “projecto de resolução para cessar a vigência do decreto-lei que alarga por mais 27 anos o prazo de concessão e triplica a capacidade portuária daquele terminal.”; 2) “projecto de lei (...) com efeitos retroactivos para permitir impedir eventuais indemnizações do Estado à Liscont, empresa do grupo Mota-Engil que ganhou, sem concurso público, a exploração do terminal de Alcântara por mais 27 anos.

A falta de esclarecimentos e os contornos duvidosos deste dossier tornaram-se tão insólitos que até estão a conseguir dar de bandeja ao PSD um precioso protagonismo...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Os "Manipulados" pelos Sindicatos

A SIC apresentou hoje uma peça interessante sobre a suspenção do processo de avaliação de professores no agrupamento de S. Julião da Barra (Oeiras). Vale a pena ouvir este conjunto de docentes que, seguindo a lógica do Ministério da Educação, terão sido fortemente manipulados pelos malvados sindicatos...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Shiu… Cavaco falou. Finalmente!

Depois de um silêncio ensurdecedor que durou vários dias, Cavaco finalmente falou sobre os incidentes na Madeira. E o que disse?

«…o funcionamento da Assembleia Legislativa da Madeira tende para a normalidade.»
Normalidade na política madeirense??? Qual normalidade? Será possível normalidade depois de um deputado ter sido suspenso e impedido de entrar numa Assembleia?
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«Questionado se considera normal a decisão de impedir um deputado de entrar no Parlamento, como aconteceu a semana passada com o parlamentar do Partido da Nova Democracia (PND) à entrada da Assembleia Legislativa da Madeira, o chefe de Estado não respondeu, recordando que "quem representa a República na região é o representante da República" e que a actuação do chefe de Estado é determinada por essas informações.»
Ah, ok, está tudo explicado. Agora percebemos porque é que Cavaco nunca se pronunciou sobre quaisquer anormalidades democráticas ocorridas na Madeira. O Presidente não vê televisão, não lê jornais, não ouve os diversos partidos. O Presidente apenas ouve o que lhe transmite o representante da República, esse grande malandro…
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«O Presidente da República, nem mesmo o representante da República "têm quaisquer competências legais ou constitucionais para interferir no funcionamento da Assembleia Legislativa", tal como o chefe de Estado também não tem qualquer competência legal ou constitucional para interferir no funcionamento da Assembleia da República".»
Humm… Pensava que o Presidente da República, segundo a Constituição, era o último garante do “regular funcionamento das instituições democráticas”. Devo ter feito confusão…
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«Interrogado se pensa que a democracia está a funcionar na Assembleia Legislativa da Madeira, o Presidente da República insistiu que se o chefe de Estado quer contribuir para "atenuar crispações deve actuar sem alarido, discretamente". "É isso que eu procuro fazer. O Presidente da República não deve actuar de forma a ser título nos meios de comunicação social", defendeu.»
Tinha ideia que, no dia 31 de Julho, com o país a banhos, Cavaco tinha feito um grande comunicado ao país sobre o Estatuto dos Açores… Tinha ideia que tinha sido transmitido em todas as televisões e conseguido manchetes em todo o lado. Mas não… Deve ter sido uma alucinação colectiva do tipo Cova da Iria…

Curiosidades da Direita Política


Com a questão do BPN na ordem do dia, a direita política apontou as suas baterias ao Banco de Portugal. Constâncio será hoje ouvido no parlamento. PSD e CDS vão questionar a sua permanência no cargo. Que conveniente, não é? Em vez de direccionar os seus esforços para o ladrão, a direita política prefere apontar as culpas à polícia.

Tal é tanto mais curioso que, quando se fala criminalidade que não de colarinho branco, o paradigma é precisamente o inverso. Lembram-se da vaga de criminalidade do Verão? Alguém viu Paulo Portas ou o PSD apontar as culpas para a polícia? Nem pensar! Aí o problema estava totalmente do lado dos malvados ladrões…

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ora Nacionaliza-se, ora Privatiza-se…

Mário Lino anunciou que o Governo apresentará em breve o modelo de privatização da ANA. A TAP não será para já. Mas porquê privatizar a ANA? Está a dar lucros e por isso deve ser privatizada, correcto?

A recentemente decretada nacionalização do BPN relançou o debate sobre as nacionalizações e privatizações. Os contribuintes estarão condenados à “privatização dos lucros e à nacionalização dos prejuízos”? Segundo Mário Lino, claro que sim.
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E apesar do anúncio de Mário Lino ser claramente inconveniente no momento actual, não constitui qualquer surpresa. Como é de senso comum, as empresas públicas que dão lucro são privatizadas. A ANA é apenas mais um exemplo. E a TAP só não o é para já porque o momento não é o mais indicado (vulgo, não está a dar lucros suficientemente atractivos para ser privatizada). Eis o paradigma económico predominante nos dias de hoje em todo o seu esplendor…

Alguém viu por aí este senhor?

É que, passados cinco dias desde os incidentes com o deputado do PND na Madeira, Cavaco Silva continua com o seu silêncio ensurdecedor.


Estranhamente, subscrevo na integra o que disse Manuel Monteiro a este respeito: “Não é admissível que o Presidente faça um directo nas televisões ao país, interrompendo as férias dos cidadãos, sobre o que se estava a passar nos Açores mas se mantenha, sobre a Madeira, sempre silencioso”.

Algumas Pérolas da Entrevista de Santana

Bem sei que equivale a “bater no ceguinho”, mas não resisto em deixar aqui algumas pérolas da entrevista de Santana ontem à Pública:

Santana é um homem pacato. A sério… Não acreditam?
“...dou-lhe a minha palavra de honra, eu sei que ninguém acredita nisto, mas eu não gosto da vida social. Odeio. Pode rir-se à vontade. Ninguém acredita. Mas detesto. Recuso tudo o que posso.”
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O recadinho sofisticado a Marcelo Rebelo de Sousa
Pública: "Há ideia de que é um viciado na vida social?"
PSL: "Marcelo Rebelo de Sousa foi director do Semanário, que tinha a Olá, que foi a primeira revista dessas coisas do social. Só mais tarde percebi por que é que apareci tantas vezes na capa.

O estranho liberal-conservadorismo à la Santana
Casamento é entre duas pessoas de sexo diferente. (…) Cada instituição tem o seu nome. (…) …devo dizer, por exemplo, que me choca mais o casamento entre homossexuais do que a adopção de crianças por homossexuais. (…) Porque eu acredito que o fundamental para uma criança é crescer com amor.

Eu quero é a CML, mas “ah e tal”…
PSL: “…se exercer mais algum cargo, é para tentar estar dois mandatos em Lisboa. E nunca mais quero ouvir falar de outros cargos..."
Pública: "Mas foi candidato à liderança do partido da última vez que o lugar esteve em disputa."
PSL: "Mas isso foi o fim de um processo. Por isso lá fui. Para encerrar um ciclo."
Pública: "Mas arriscava-se a ganhar."
PSL: "Se ganhasse, cumpriria as minhas responsabilidades…

O drama com Barroso como justificação para ter aceite ser Primeiro-Ministro
O Durão Barroso tinha a porta aberta do avião, para ir para Bruxelas. Se eu pusesse tudo em causa ali, ele já não iria...
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Os adversários não conseguiriam fazer melhor…
Inventei uma frase para o messenger - There's allways a mountain to climb

domingo, 9 de novembro de 2008

Oportunismos SA

Ferreira Leite resolveu apoiar os professores na véspera de uma grande manifestação nacional. Um acto de oportunismo inqualificável vindo de uma ex-ministra da Educação que (importa não esquecer) teve manifestações semelhantes contra si.

Na altura, Manuela parece ter-se preocupado pouco com o clima de crispação entre a classe docente. Mas hoje é diferente. A líder que tanto hasteou a bandeira da seriedade parece agora não ter probelmas em cavalgar junto de qualquer movimento de descontentamento. E não vale a pena desconversar a este respeito.

Sócrates, por seu turno, depois de ter conseguido ter 120 000 contra políticas do seu Governo, opta por falar no oportunismo dos seus adversários (vulgo PSD). Tenta, também ele de forma oportunista, reduzir o que ontem se passou ao oportunismo da sua adversária. E assim se divertem os dois maiores partidos portugueses...

Vá... Deixem-no fugir...

José Oliveira Costa é apontado como o principal responsável do gigantesco buraco do BPN. O ex-Secretário de Estado de Cavaco Silva liderou o banco entre 1997 e Fevereiro de 2008. Onde está José Oliveira Costa neste momento?

Segundo o Expresso: “Ninguém sabe. Há rumores de que estará fora do país, em África ou no Brasil. O Expresso tentou falar várias vezes com o ex-presidente do BPN nas últimas semanas, através do telemóvel que utilizava mas sem sucesso. (...) Esta semana, o Expresso procurou-o nas propriedades que tem no Algarve e em Aveiro, assim como na sua casa em Lisboa, mas não o encontrou. E o filho, contactado pelo Expresso, recusou dar quaisquer informações.

Ainda sobre a Manifestação dos Professores

Maria de Lurdes Rodrigues desdobrou-se ontem em entrevistas televisivas. À tarde falou com a SIC, às 20h esteve no Telejornal da RTP e ainda teve tempo para voltar a ser entrevistada na SIC Notícias às 23h.

Repetiu com cada vez com mais vigor que não recuará. Atribuiu a responsabilidade da manifestação à instrumentalização política feita pelos sindicatos em ano de eleições. Um erro crasso de análise, para já não falar do quase insulto que constitui aos 120 000 que hoje protestaram.

Como há muito é sabido, e tal sublinhou há pouco José Manuel Fernandes na SIC Notícias, o movimento de descontentamento nas escolas está muito além da capacidade de mobilização sindical. Os sindicatos, (felizmente para alguns e infelizmente para outros) estão sobretudo a orientar um descontentamento totalmente disseminado que há muito os ultrapassa.

sábado, 8 de novembro de 2008

Ainda vamos aí?

Em reacção à eleição de Obama, o comentário mais comum foi o simbolismo de um negro ir liderar a nação mais poderosa do mundo. Do café da esquina ao mais eminente comentador, de repente parece que os resultados da eleição se resumem a um importante passo contra o preconceito racial.

Como é evidente, o simbolismo da cor de Obama não deve deixar de ser tido em conta. Mas reduzir a sua eleição à questão racial, como aliás tem acontecido em diversos órgãos de comunicação social, é perfeitamente ridículo.

Hoje o Expresso até trás uma peça em que tenta reflectir sobre a possibilidade de um presidente negro ser eleito em Portugal. Tem o sugestivo título de: “E nós, podemos ter um Obama?”. Por favor...

120 000

Ultrapassar a barreira dos 100 mil era uma tarefa deveras complicada. Contra mim falo uma vez que temi que houvesse alguma precipitação na convocação desta manifestação. Enganei-me redondamente. Os professores demonstraram hoje que não estão mesmo para brincadeiras.

O facto 120 000 professores de todo o país decidirem manifestar-se num sábado não pode deixar ninguém indiferente. “Obrigado ministra por nos unires”, eis um dos slogans que melhor reflectiam a manifestação verdadeiramente impressionante que hoje se realizou.

Uma greve foi convocada para o dia 17 de Janeiro. Porquê daqui a tanto tempo? Porquê só um dia? É que, com a mobilização hoje demonstrada, não tenhamos dúvidas que os professores poderiam parar o país.

Na resposta à manifestação, Maria de Lurdes Rodrigues afirmou que não recuará relativamente ao processo de avaliação. A ministra sabe que, se recuar, ser-lhe-á fatal. Com a força que demonstram possuir neste momento, resta apenas saber se os sindicatos querem ou não levar até às últimas consequências todo este descontentamento.

É o país que temos...

Fátima Felgueiras foi condenada a 3 anos de pena suspensa e viu o seu mandato ser suspenso. Consta até que deu um comício à porta do tribunal, de tão contente que estava. E tem toda a razão. A sua alegria é a tristeza da Justiça Portuguesa.

O Ministério Público pedia a condenação da autarca a um mínimo de sete anos de prisão e reclamava a devolução à Câmara de Felgueiras de quase um milhão de euros, tal como refere o Público. E qual foi o resultado do julgamento que ontem terminou?

Nada se conseguiu provar no processo do saco azul. A autarca foi ridiculamente condenada pelos seguintes crimes: não devolução ao município de ajudas de custos de uma qualquer viagem à Irlanda (que horror!), uso de uma viatura oficial do município para uma iniciativa do PS (como foi capaz?) e intervenção irregular num loteamento em que era parte interessada (terrivel!)

A sentença hoje dirigida à autarca de Felgueiras assume-se como mais um contributo de peso para o já longo almanaque de anedotas em que se transformou a Justiça Portuguesa.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

E porque hoje é sexta-feira...

Câmara de Lisboa debaixo de fogo

Nos últimos meses, a imprensa tem denunciado consecutivas irregularidades na Câmara de Lisboa. Das “casinhas” atribuídas aos abusos dos administradores da Gebalis, todos os holofotes parecem voltados para a Câmara da capital. Hoje, a irregularidade anunciada é a acumulação indevida de funcionários do Departamento Jurídico.

Contrariando o disposto na lei, diversos funcionários do referido departamento, incluindo a sua directora até Maio deste ano, acumularam o seu estatuto de funcionários públicos com o exercício de advogacia privada. Segundo o Público, a situação mantém-se até hoje com a conivência das diversas administrações camarárias. Enfim, comentários para quê?
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Como é natural, uma instituição com a dimensão e projecção da CML justifica que a imprensa esteja sempre atenta aos vícios que lá existem. E todos sabemos também que a detecção de irregularidades funciona com o efeito bola de neve: caso um órgão de comunicação social detecte uma, os restantes vasculharão também em busca de uma outra para si.
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Embora as principais situações detectadas não tenham incidido directamente sobre o actual executivo municipal, não tenhamos dúvidas que este poderá vir a ser afectado eleitoralmente por tudo o que tem vindo a ser descoberto. António Costa tem assim mais uma razão para se preocupar...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obrigado crise!

Os efeitos negativos da presente crise financeira ainda não se fizeram sentir a sério junto das famílias. Pelo contrário, algumas das despesas que as vinham asfixiando têm vindo a diminuir. É caso para dizer, pelo menos para já: obrigado crise!

O BCE anunciou hoje uma nova descida das taxas de juro, depois das galopantes subidas dos últimos anos. Parece que, devido à crise, a inflação deixou de ser importante. Os combustíveis, devido à crise, desceram. O barril de crude atinge agora preços inimagináveis há apenas 3 meses atrás.
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Até os preços de alguns alimentos têm vindo a diminuir nos mercados internacionais. Não está mau, pois não? Como é evidente, quando a crise começar a fazer-se sentir a sério (desemprego, p.ex.), será a doer. No entanto, paradoxalmente, parece ser necessária uma grande crise para que os mercados (numa primeira fase, claro) asfixiem um pouco menos os consumidores.

Um teste para a Ministra, mas sobretudo para os Sindicatos

Depois da manifestação gigantesca dos 100 mil, Maria de Lurdes Rodrigues segurou-se bem. O acordo assinado com Mário Nogueira fez com que ganhasse tempo. E o tempo, como todos sabemos, pode ser fatal para qualquer protesto. A ministra conseguiu ultrapassar a quase impossível corda bamba em que esteve durante umas semanas, estando hoje a sua posição melhor consolidada.
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Neste contexto, a convocação da manifestação é um novo desafio para Lurdes Rodrigues, mas sobretudo para os sindicatos. Conseguir novamente 100 mil ou mesmo 70 mil não será fácil. A ver vamos.

Resultados das Eleições Americanas e o Sistema Eleitoral

Segundo alguns sites, os resultados finais ainda não foram apurados. North Carolina e Missouri ainda não têm os resultados finais. De qualquer modo, vale a pena observar um pouco melhor o baixo índice de representatividade do sistema eleitoral americano.

Trata-se de um sistema maioritário. Como tal, o partido vencedor em cada estado arrecada todos os grandes eleitores do mesmo, com evidentes prejuízos em termos de representatividade.
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Tal é sintomático quando comparamos a percentagem de votos obtida por cada um dos candidatos e a percentagem de grandes eleitores que cada um conseguiu.Com 53% dos votos, Obama obteve 68% dos grandes eleitores. Por seu turno, com 46% dos votos, McCain obteve 32% dos grandes eleitores. Dá que pensar…

Como é evidente, os sistemas eleitorais maioritários têm inúmeras vantagens perante os sistemas proporcionais (clarificação e estabilidade política, p.ex.). Mas a representatividade está longe de ser uma delas, como aliás se viu nos EUA há oito anos atrás.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A Vitória de Obama na Blogosfera Nacional

Eis uma pequena mostra (23 blogues) de como a blogosfera nacional acompanhou as eleições americanas. É bonito de se ver. É sim senhor...
(clicar em cima de cada imagem para aceder directamente aos posts)
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