O caso Freeport está a aquecer e a fragilizar politicamente Sócrates. Independentemente de terem ou não existido luvas, a forma como todo o procedimento de aprovação do empreendimento se desenvolveu constitui por si só um factor muito crítico para o actual primeiro-ministro
Uma celeridade nunca vista apenas justificada pelo calendário eleitoral; alterações à Zona Protegida do Estuário do Tejo feitas em cima do joelho; possível abuso de competências por parte de um governo em gestão; não-auscultação de câmaras municipais e associações ambientalistas, entre muitas outras coisas que vão surgindo na imprensa todos os dias e que atacam fortemente a verticalidade de um governante.
.No momento presente, em termos políticos, não está em causa saber-se se Sócrates recebeu luvas ou se sabia ou não da sua existência. Está em causa a forma como respeitou ou não procedimentos fundamentais enquanto Ministro do Ambiente. Está em causa a sua ética e verticalidade enquanto governante. Assim sendo, o cenário não se apresenta nada animador para o actual primeiro-ministro.
3 comentários:
Caro JRV,
esta celeridade extraordinária, não dá votos, pois não se trata de uma medida que abranja milhares de portugueses. (antes pelo contrário, pois um atentado ambiental desta natureza só poderia retirar votos)
Então fica a pergunta; se não foram votos, o que terão ganho estes governantes tão expeditos?
As dúvidas em relação à "ética e verticalidade" do 1º ministro já não são de agora. Elas começaram com o caso do "diploma de Engenheiro".
A questão agora é, se para a opinião pública, as "dúvidas" não serão já certezas.
No outro lado do poder, em Belém, a credibilidade tb não é muita depois do caso "Dias Loureiro e o banco dos PSDs".
O problema é que os escândalos são tantos que abafam-se uns aos outros. Um destes dias vai começar a ser banal ouvir falar de escândalos financeiros envolvendo figuras públicas. Ou alguém ainda têm dúvidas sobre a realidade dos últimos 30 anos de "bloco central"?
Ainda em relação ao "caso Freeport", a questão de haver ou não "luvas" é muito mais importante do que pode parecer. A provar-se a sua existência, o que será tremendamente difícil, teria-mos um ex-primeiro ministro nos bancos do tribunal acusado de corrupção...
Caro Pedro Lopes: É uma boa questão, sem dúvida. Não tenho naturalmente uma resposta clara.
Pessoalmente não acredito que alguém como Sócrates se deixasse levar em esquemas de luvas ou outros do género. É uma convicção minha, nada mais do que isso.
Penso que muitas outras razões levam governantes a atropelar procedimentos e a cometer irregularidades: vontade de executar contra tudo e contra todos, demonstração de obra feita, compromissos assumidos perante terceiros, vontade de associar o seu nome a determinado investimento, entre outras do género.
Como disse acima, é uma convicção minha, nada mais do que isso.
EstranhoBelo: Concordo, sobretudo com a proliferação de escândalos que se abafem uns aos outros.
Sobre a possibilidade de Sócrates chegar aos tribunais por suspeitas de luvas, sem dúvida que seria uma bomba. Mas não creio que chegaremos aí. A ver vamos...
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