sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A conversa do “não é prioritário”

Mário Soares considerou ontem que a questão do casamento homossexual é uma temática da esquerda radical, acrescentando que não é um assunto prioritário/fundamental. No princípio desta semana, o porta-voz da conferência episcopal também utilizou o mesmo argumento. E não será necessário ser astrólogo para prever que o centro-direita recorrerá fortemente a este tipo de conversa.

Mas não é prioritário/fundamental porquê? Porque a crise económica e os seus efeitos são assuntos mais urgentes, é isso? Julgo que nem será necessário contrapor que as questões de direitos nomeadamente de igualdade, são sempre prioritárias/fundamentais. Ou não?
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Admito naturalmente que o argumento do não ser prioritário se aplique a questões que exijam esforço económico. Não é o caso. Admito também que possa ser aplicado a questões que exijam excessiva adaptação administrativa por parte do Estado. Também não parece ser o caso. Então ficamos em quê? No excessivo espaço que este tema poderá ocupar na agenda política, é isso?
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Até parece que a discussão de um assunto como este, do foro dos direitos e que só virá de facto para a agenda na próxima legislatura, desconcentrará os grandes decisores políticos na gestão das matérias económicas ou outras de foro social. Em última análise, Soares devia perguntar a Zapatero se foi a resolução célere que aplicou a esta questão que lhe tem inibido de tratar de outros problemas económicos e sociais.

6 comentários:

JKL disse...

Eu colocaria a questão de outro modo: é mais importante o direito a uma vida digna da totalidade da população de um País (neste caso Portugal) do que o direito de um grupo minoritário (a comunidade homossexual) ao casamento.

João Ricardo Vasconcelos disse...

Niagara: o erro no argumento é, a meu ver, precisamente o que acaba de referir. Como se a consagração de um direito de uma minoria impedisse ou tirasse tempo para a resolução de outros problemas do país. Como se o Estado só pudesse resolver um assunto de cada vez. Era o que faltava, não?

Desculpe a frontalidade mas, ou não entendi bem, ou parece-me um argumento claramente limitado. Não acha?

Anónimo disse...

Não é prioritário significa que não é dos primeiros assuntos a resolver ou que não faz parte das principais preocupações. Este tema apenas vem a debate porque Sócrates promete à esquerda para ganhar algum eleitorado ou se calhar porque ele próprio tirará proveito (daqui a uns anos) desta nova "lei".
A meu ver, JRV, o casamento homossexual é apenas um pretexto para a degradação da nossa sociedade. Chama-me conservador, ou qualquer outra palavra que aches que explique a minha opinião, mas não consigo perceber porque é que os homos querem casar se já podem viver em união de facto. O casamento foi algo que a sociedade inventou para um casal de sexos opostos!

silvestre disse...

Caro Niagara:
A totalidade da população faz-se da soma de muitas minorias (não acredite que a maioria branca e heterossexual católica seja assim tão homogénea). Uma vida digna faz-se do exercício dos direitos fundamentais de cada cidadão.

Caro Anónimo:
A degradação da sociedade não tem nada a ver com a garantia do respeito e igualdade entre os cidadãos. Os "homos" querem casar (apenas no registo civil) porque a união de facto não confere os mesmos direitos que o casamento civil (mesmo entre heteros).

E caro anónimo, apoie a medida porque ela pode beneficiar algum dos seus filhos ou netos. Ou pensa que está livre de ter homossexuais na família?

Anónimo disse...

Silvestre: longe de mim pensar isso. Concerteza que devo ter amigos e se calhar familiares homossexuais - mas isso não me traz qualquer problema em afirmar o que penso: O casamento foi algo instituído na sociedade para ela se organizar por famílias e sim, por famílias falo em filhos. Agora um casal homossexual naturalmente não poderá ter filhos, por isso não vejo razão para lhes ser conferido o casamento civil. E no dia que os homossexuais puderem adoptar crianças, aí é que é a degradação total, porque coitadas das crianças, serão marterizadas toda a vida - ou estarei enganado?

Anónimo disse...

É claro que se devia utilizar outra palavra para designar "casamento" de homossexuais, pela simples razão de que é coisa diferente do casamento. Mas há muitos que preferem a confusão a começar pelos próprios homossexuais que têm grande empenho em imitar os heterossexuais, incluindo com pretensão a filhos que obviamente não tem nada a ver com união de homosexxuais. É só a mania da imitação. Aliás nos movimentos feministas encontra-se com frequência a mania da imitação dos homens. Do mesmo modo, as mulheres pretas têm a mania que ficam mais bonitas imitando as brancas procurande clarear a pele e dsfrisano o cabelo, etc.
É um fenómeno muito espalhado e que tem as suas razões.
Quanto ao argumento de que há coisas mais importantes é fraco, muito fraco.
Zé Paco