sexta-feira, 16 de maio de 2008

“Homofóbicos, assumam-se!” – O Artigo de Fernanda Câncio

A propósito do posicionamento dos candidatos do PSD, Fernanda Câncio escreve hoje sobre a importância da palavra “casamento” e a possibilidade da sua aplicação à união de duas pessoas do mesmo sexo. Convida os mais renitentes a posicionarem-se claramente sobre esta questão.

A jornalista do DN relembra o artigo 13º da Constituição que proíbe a discriminação em função da orientação sexual, sublinhando o incómodo que grande parte da comunidade política possui no reconhecimento de direitos à população homossexual. Neste contexto, convida a “maioria silenciosa” a posicionar-se claramente sobre esta questão, propondo para tal uma revisão constitucional que consagre o seguinte artigo:

“É permitida a discriminação em função da orientação sexual. É permitido à maioria decidir por quem se devem apaixonar as pessoas, e como têm o direito de consagrar as suas paixões; é permitido à maioria banir os homossexuais para a clandestinidade.”

Perante esta brilhante linha de argumentação, só posso aplaudir. Excelente artigo de Fernanda Câncio.

9 comentários:

Rui Rebelo Gamboa disse...

Esse artigo é dum radicalismo chocante, que não impressiona simpesmente porque se conhece a senhora em questão.

Anónimo disse...

Por mim, não me sinto homofobico mas, não partilho das ideias de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Muito honestamente acho imoral e contra a natureza do ser humano, e não me refiro apenas à procriação.

Paulo

Anónimo disse...

As pessoas devem ter os mesmos direitos qualquer que seja a orientação sexual,até podem casar, mas nunca ponham uma criança nas mãos de um casal homossexual.

Al disse...

a cancio reflectiu criticamente sobre a facilidade com que as pessoas se acham no direito de decidir a vida dos outros. depois chamam-lhe radical. só pode ser um elogio.

e o paulo q não se sente homofobico mas acha imoral e contra a natureza...valha-nos deus!

João Ricardo Vasconcelos disse...

Caro Rui Gamboa: Não diria radicalismo, mas sim um elevado sentido provocatório. Uma vez que concordo na integra com a ideia de fundo subjacente ao artigo, nomeadamente a defesa afincada do direito de não discrimninação, parece-me que o adjectivo "radical" não é o melhor termo a aplicar. Mas claro, o Rui é naturalmente livre de discordar.

Paulo: Concordo que a atribuição de rótulos (homofóbico, por exemplo) não é a melhor maneira de se discutir uma ideia. De qualquer modo, como compreenderá, a moral ou a natureza do ser humano são argumentos facilmente rebativeis. Não concorda?

Anónimo: Quanto à adopção por casais homossexuais, tenho dificuldades em perceber a oposição generalizada que este tema conhece. Porquê? Receio de influenciar as crianças com comportamentos desviantes, é isso?

Rui Rebelo Gamboa disse...

Caro JRV,

Eu peço desculpa por não argumentar aqui, é que esse artigo e a tal ideia subjacente é de tal forma revoltante e radical, que nem sei bem por onde começar. Pior, a autora parte de um inquérito para chegar àquelas conclusões. Enfim..

Só posso mesmo dizer que ontem foi dia de orgulho gay aqui em Bruxelas, estive a tarde toda na festa a celebrar o orgulho que gays e lésbicas têm nas suas vidas. Portanto, quero e desejo que tenham todos os direitos que qualquer casal tem e que nunca sejam discriminados devido à sua escolha. Mas não aceito, tal como uma grande maioria dos gays e lésbicas com quem falei ontem, que usem o termo "casamento". De resto, parece-me, das conversas que tive, que essa pretensão parte apenas de uma posição (lá está)provocatória. O que interessa mesmo aqui são os direitos e deveres; o conteúdo, não tanto o nome das coisas e aí eu sou 100% solidário.

Contraditório? Não vejo como. Aliás, no seu post anterior, cataloga a posição de Passos Coelho como contraditória, sem mais.

Cumprimentos a todos!

João Ricardo Vasconcelos disse...

Caro Rui Gamboa,

Temos esta facilidade em discordar em alguns domínios. O que é excelente porque nos permite explorar argumentos e raciocinios.

O Rui não concorda que um nome também faz a diferença? Da minha parte, tal como manifestei anteriormente, penso que sim.

E sinceramente não acho que seja uma provocação. Provocação porquê? Se se defendem direitos iguais, porquê colocar de parte (como fez Passos Coelho) a utilização do mesmo nome? Eis a contradição.

Gostemos ou não, o nome "casamento" possui um simbolismo muito grande. Porquê vetar a sua aplicaçáo à união de duas pessoas do mesmo sexo? Porquê vetar o direito a esse simbolismo por parte de duas pessoas do mesmo sexo?

Acredito que, como refere, muitos gays e lésbicas não concordem ou não desejem a aplicação do nome casamento à sua união. Mas e daí? Também tenho a certeza que muitos concordam e o desejam. Sendo assim, porquê negar a estes últimos o direito à igualdade no nome a dar às suas úniões?

Saudações

Anónimo disse...

"Por mim, não me sinto homofobico mas, não partilho das ideias de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Muito honestamente acho imoral e contra a natureza do ser humano, e não me refiro apenas à procriação."

Não se sente homofóbico? Evidentemente que Mário Machado também não se sente racista. E Bin Laden também não se toma por radical islâmico.

Enfim...

Rui Rebelo Gamboa disse...

JRV,

Em Portugal vivemos numa sociedade altamente conservadora em relação a este assunto, empregnada com séculos de catolicismo conservador. Não aceito, porém, que esse conservadorismo sirva para retirar direitos a quem quer que seja, devido à sua orientação sexual. Agora, quer queira, quer não, esta é sociedade portuguesa e como em tudo é necessário atingir um entendimento entre as partes. Deste modo, não compreendo (mas pa conheço, não estranho) a posição de radicalicalição da Sra Câncio.

A questão do nome é, na minha opinião, deveras secundária e até um bocado ridículo que se discuta esse pormernor (só o compreendo mesmo com o intuito de chocar e provocar a larga maioria da sociedade portuguesa, que é como disse conservaodra), porque é necessário aceitar as diferenças, esta frase não pode servir apenas para alguns casos. É necessário aceitar as diferênças, não somos todos iguais e por isso mesmo é que há nomes, para distinguir o que é diferente. Casamento, marido, mulher, etc, são nomes que a sociedade usa para uma união entre um homem e uma mulher. Para uma união entre pessoas do mesmo sexo, tem que haver outro nome, porque, e aqui é que é preciso nós enfrentarmos a questão de frente, não é a mesma coisa. ~

Não repetir-me em relação aos direitos e deveres de cada pessoa. Esses estão, e bem, consagrados na Costituição.

Por fim, JRV, uma vez disse-me que não estamos muito longe ideológicamente. Eu penso que estamos. E felizmente que assim é.

Cumprimentos, meu caro!



Max, sinceramente, só posso compreender o seu comentário na linha provocatória de que falei. Como acho (e sei) que esse não é o caminho, perdoe-me quando lhe digo que aquilo que escrveu entrou-me por um ouvido a 100 e saiu pelo outro a 200.