O estudo está disponível aqui. Vejamos algumas (sublinho o “algumas”) das conclusões apresentadas:
- “Os jovens encontram-se menos expostos à informação política pelos meios de comunicação convencional do que o resto da população. E em geral − e não apenas aqueles que ainda não chegaram à idade do voto − os jovens tendem a exibir menores níveis de conhecimentos políticos." (pág. 2)
Mas vejamos também alguns quadros interessantes apresentados no estudo:
(Pág. 18)
No quadro acima verifica-se claramente que o interesse dos jovens (15-17 anos e 18 a 29 anos) pela política não é muito, mas que não se diferencia assim tanto do manifestado pela população adulta.
(Pág. 19)
O quadro acima demonstra também que, em termos comparativos, não é a faixa jovem da população que empurra Portugal para um lugar modesto quando comparado com outros países.
E relativamente à tão dramática questão do desconhecimento sobre o 25 de Abril? Pois é, em todo o estudo, apenas a questão abaixo faz referência ao 25 de Abril. Os resultados são surpreendentes.
(Pág. 25)
É preocupante que apenas 8,2 % dos jovens entre os 15 e os 17 anos, e que 20,3% da população entre os 18 e os 29 anos, acerte no 1º presidente eleito após o 25 de Abril. Mas não será ainda mais estranho que essa percentagem seja de apenas 34,1 % na população entre os 30 e os 64 anos?
Vejamos agora a realização de actividades políticas em Portugal por faixa etária.
Surpreendente não? Os jovens em Portugal revelam ter uma muito maior participação em actividades políticas do que a população com mais de 30 anos.
Posto isto, o que podemos concluir? Alguns pontos devem ser sublinhados:
1) O alheamento político da juventude em Portugal é crítico, mas reflecte sobretudo o alheamento político da generalidade da população.
2) Em inúmeros domínios, a população mais jovem revela muito mais actividade política do que a população mais velha.
3) Quando comparado o caso português com outros exemplos internacionais, a situação é preocupante, mas não tanto no domínio da juventude. É preocupante sim para a globalidade da população portuguesa.
A discussão gerada revela também que ninguém se deu ao trabalho de ler o estudo, da comunidade política, à comunicação social e passando naturalmente pela maioria da blogoesfera. E mea culpa aqui do Activismo de Sofá que também se precipitou a escrever sobre a problemática.
Por último, e como não podia deixar de ser, nota muito negativa para Cavaco Silva (e seus assessores). Como ontem sublinhou Joana Amaral Dias na SIC Notícias, teria ficado bastante melhor ao Presidente da República sublinhar algumas das conclusões positivas do estudo relativamente à juventude nas comemorações do 25 de Abril. Em vez disso, preferiu-se o catastrofismo fácil…
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