No final de Abril foi formado um novo partido: MMS - Movimento Mérito em Sociedade. Em Março passado, Rui Marques também anunciou a recolha de assinaturas para o MEP – Movimento Esperança Portugal. Será a moda do “eu quero um partido só para mim”?
Ambos os movimentos justificam a sua constituição como partido político dado o desgaste do actual sistema partidário português. Distanciam-se de enquadramentos esquerda vs direita, apresentando um perfil ideológico tipicamente situado ao centro. Será positiva a proliferação deste tipo de partidos?
Como é natural, é positivo que surja gente com vontade de participar, de mudar, de querer fazer melhor. E a constituição como partido pode ser um dos caminhos a seguir. No entanto, destacam-se duas questões menos salutares do caminho seguido pelo MMS e pelo MEP:
1) O distanciamento ou recusa do paradigma esquerda/direita não é positivo à partida. Apesar de tudo, trata-se do principal referencial global de identidade política até à actualidade. E é também responsável por alguma coerência no confronto político. A negação deste referencial poderá implicar um posicionamento político à deriva, com falta de identidade, excessivamente centrado no consensual. Negar as dicotomias equivale a negar a política.
2) A proliferação destes novos movimentos poderá contribuir, em caso de sucesso dos mesmos, para a fragmentação/balcanização do sistema de partidos. Tal poderá ser crítico. Veja-se, a título de exemplo, o caso italiano.
O aparecimento destes novos partidos indicia a tão badalada necessidade de renovação dos principais partidos políticos portugueses. De qualquer modo, em nome da estabilidade do sistema de partidos, era sim importante que novos quadros ingressassem e renovassem por dentro os actuais partidos. A multiplicação de partidos pouco consistentes ideologicamente poderá não ser a melhor solução.
Ambos os movimentos justificam a sua constituição como partido político dado o desgaste do actual sistema partidário português. Distanciam-se de enquadramentos esquerda vs direita, apresentando um perfil ideológico tipicamente situado ao centro. Será positiva a proliferação deste tipo de partidos?
Como é natural, é positivo que surja gente com vontade de participar, de mudar, de querer fazer melhor. E a constituição como partido pode ser um dos caminhos a seguir. No entanto, destacam-se duas questões menos salutares do caminho seguido pelo MMS e pelo MEP:
1) O distanciamento ou recusa do paradigma esquerda/direita não é positivo à partida. Apesar de tudo, trata-se do principal referencial global de identidade política até à actualidade. E é também responsável por alguma coerência no confronto político. A negação deste referencial poderá implicar um posicionamento político à deriva, com falta de identidade, excessivamente centrado no consensual. Negar as dicotomias equivale a negar a política.
2) A proliferação destes novos movimentos poderá contribuir, em caso de sucesso dos mesmos, para a fragmentação/balcanização do sistema de partidos. Tal poderá ser crítico. Veja-se, a título de exemplo, o caso italiano.
O aparecimento destes novos partidos indicia a tão badalada necessidade de renovação dos principais partidos políticos portugueses. De qualquer modo, em nome da estabilidade do sistema de partidos, era sim importante que novos quadros ingressassem e renovassem por dentro os actuais partidos. A multiplicação de partidos pouco consistentes ideologicamente poderá não ser a melhor solução.
3 comentários:
Concordo inteiramente com este texto. Os meus argumentos são idênticos aos utilizados pelo autor. Os mais maliciosos dirão que temo a concorrência. Não é o caso! Acrescentaria apenas que a PND tentou, no início, não se definir no âmbito da dicotomia direita/esquerda. Os resultados foram, como se sabe, desastrosos (esse foi, na minha perspectiva, o pecado original desse partido). Penso que o mesmo sucederá com as novas forças políticas que se perspectivam.
O PND tentou fugir de uma auto-definição ideológica. Tal dificultou-lhe ainda mais o trabalho de encontrar um espaço na direita política. Se tivesse sido frontal e descomplexado, poderia ter conquistado alguns sectores do eleitorado mais à direita.
De qualquer modo, importa não esquecer uma nuance importante relativamente a estas novas forças políticas que estão a surgir: toda a gente sabia quem era o Manuel Monteiro, donde vinha e ao que vinha.
O MMS, que conheço bem, não se deixará enredar em divisionismos ideológicos. Esquerda e direita eram conceitos ara explicar a analfabetos ideias simplista e abjectas do que é a visão política. Estamos no sec. XXI e as pessoas conseguem ver que há boas e más ideias nos dois lados e seguramente preferem gente de mérito que possa ter alguma indefinição ideológica primária do que gente fundamentalista e sem mérito.
CUmps,
A. S.
Enviar um comentário