segunda-feira, 21 de julho de 2008

“Os Ricos que Paguem a Crise”

Começa a ser de senso comum que dois sectores da economia são imunes a qualquer flutuação: os combustíveis e a banca. Se o clima económico é bom, eles estão bem. Se o clima económico aperta, eles estão tão bem ou melhor até.

Neste contexto, a expressão “Os ricos que paguem a crise” pode ser aqui aplicada. Como é óbvio, tal provocará arrepios a muitos magos da ciência económica. O aumento dos impostos em alguns sectores não só abranda ainda mais a economia, como acaba sempre por se reflectir nos consumidores. No entanto, se os aumentos forem aplicados nos sectores onde crise até gera efeitos positivos, não há razão para tal se reflicta nos consumidores ou no normal desenvolvimento económico.

A taxação dos lucros extraordinários das petrolíferas é, neste contexto, uma política positiva (quando aplicada com seriedade, como é evidente). Não se deverá ponderar a aplicação do mesmo modelo à banca? Como ontem referiu Jerónimo de Sousa, é um sector que tem beneficiado com as subidas constantes das taxas de juro. No momento actual, justifica-se que os referidos lucros extraordinários sejam taxados, obtendo-se eventualmente margem para aliviar a carga fiscal dos cidadãos.

5 comentários:

Tiago Moreira Ramalho disse...

discordo totalmente. mete-me muita confusão esta ideia de taxar os ricos sempre que a crise aperta como se eles fossem os culpados ou como se eles tivessem obrigação moral de não ser tão ricos. não sei se ouviu JRV, mas a banca começa já a dar prejuízo, o primeiro foi o BPI. já para não falar da banca que perdeu em bolsa 50% do seu valor nos últimos meses.

João Ricardo Vasconcelos disse...

Tiago, como tento explicar no post, trata-se de taxar sectores que estão a lucrar com a crise. É diferente de taxar os ricos porque sim, porque são culpados ou porque é amoral ser-se rico.

Relativamente aos prejuizos que refere, julgo tratarem-se exclusivamente de resultados das flutuações dos mercados bolsistas. Ou seja, são perdas em mercados especulativos e altamente voláteis. Não tenho ideia que estejam, para já, relacionadas com perdas efectivas na actividade bancária dita normal. Mas posso estar enganado...

Tiago Moreira Ramalho disse...

JRV, é legítimo que pense assim. Eu simplesmente penso que não se deve taxar as empresas por não sofrerem com a crise. A ideia do "todos sofrem e tu não és mais que eles" não é para mim correcta. Posso apenas dizer que acho ridículo a banca pagar apenas 13% de imposto em média quando deviam pagar 25. Pagar taxas extra porque há crise, não é solução. Diga-me lá em que é que a Robin dos Bosques vai servir para solucionar a crise. Diga-me lá o que é que uma Robin dos Bosques alastrada por todas as grandes iria trazer de positivo à conjuntura económica. Na minha modesta opinião não vejo a solução passar por aí. Isto é uma situação que não é causada por nós, logo, dificilmente poderemos solucioná-la.

João Ricardo Vasconcelos disse...

Tiago, repare que "taxar as empresas por não sofrerem com a crise" é diferente de "taxar os sectores económicos que beneficiam com a crise". Defendo que esta última política deveria ser discutida.

O conceito da taxa Robin de Bosques, se fosse bem aplicado, não iria solucionar a crise. Ia sim tentar minimizá-la, financiando políticas que ajudem a aliviar os efeitos da crise junto da população.

Quanto à sua aplicabilidade a todas as grandes empresas do país, não tenho dúvidas que traria resultados negativos. Mas, como sublinhei acima, não é isso que defendo. Espero, de algum modo, ter-lhe clarificado a minha opinião.

Anónimo disse...

Penso que o princípio da taxa Robin dos Bosques é o mesmo que já se aplica há muito tempo nos países mais a Norte na Europa. A ideia é reduzir o vazio que existe entre quem ganha muito e quem ganha pouco, sejam eles instituições ou indivíduos. É claro que o regime comunista falhou e como tal não faz sentido em sermos todos iguais, mas faz sentido manter as taxas (quaisquer que elas sejam) por forma a impedir ascensões financeiras meteóricas ou desastres financeiros. Quem trabalha mais ou é melhor deve ganhar mais do que quem trabalha menos ou é pior, no entanto as proporções que se veem hoje são indicativas de algo errado. Os meus euro-cêntimos.